Não foi notícia nos principais veículos informativos da EBC o ataque sofrido pela Flotilha da Liberdade na sexta-feira, 2 de maio. O barco Conscience, que levava ajuda humanitária para Gaza, com alimentos, remédios e água, foi atacado por drones há mais de mil milhas de distância do destino. De acordo com o comunicador e militante internacionalista brasileiro Thiago Ávila, coordenador da Flotilha, à 0h23 um drone soltou uma bomba no barco, abrindo um buraco na área operacional. Dois minutos depois outra bomba foi solta no mesmo local, destruindo a parte elétrica do Conscience.

Os ativistas estão na Ilha de Malta, e o barco avariado está há 13 milhas náuticas do porto. Em entrevista ao site Ópera Mundi, Thiago lembrou da emergência da missão, para levar comida e água para a Faixa de Gaza, onde os palestinos estão há quase 60 dias sem receber nenhum tipo de ajuda humanitária, devido ao bloqueio de Israel.

No momento do ataque, havia 12 tripulantes e quatro participantes da Flotilha à bordo. Os demais integrantes da missão, com mais de 80 pessoas, iriam embarcar 4 horas depois do ataque. De acordo com o ativista, as pessoas passavam por treinamento de táticas não violentas em Malta, quando foram surpreendidas pelo ataque dos drones.

Thiago relatou a criminalização que os ativistas estão sofrendo, por parte do governo de Malta, e que um barco de resgate já estava a postos perto do Conscience no momento do ataque, com os tripulantes insistindo para que os ativistas abandonassem a missão.

Criada em 2008, após os bloqueios impostos à Faixa de Gaza e ao povo palestino por Israel em 2007, desde 2009 os ativistas da Flotilha da Liberdade não conseguem chegar ao destino para levar ajuda humanitária. No total, já foram 35 embarcações, mas apenas duas foram atacadas diretamente.

Em 2009, o barco da Flotilha foi interceptado por um barco da Marinha de Israel, que bateu diretamente nele, mas no momento a embarcação com ajuda humanitária não afundou. Em 2010, um ataque de helicóptero ao navio Mavi Marmara, que carregava a bandeira turca, deixou dez ativistas mortos. Segundo Thiago, a Flotilha já passou por sequestro dos ativistas e deportação, mas normalmente ocorre a guerra burocrática para impedir que eles consigam navegar, como bandeira para o barco e autorização do porto.

A jovem ativista ambiental Greta Thumberg prestou solidariedade ao grupo e postou em suas redes sociais um vídeo contra o bloqueio à Gaza e ao lado de Thiago Ávila. O lema da Flotilha é “quando os governos falham, nós navegamos”. Mas ainda é preciso consertar o barco, enquanto os palestinos morrem de fome. Desde outubro de 2023, quando Israel iniciou os ataques, já morreram mais de 52 mil palestinos em Gaza. Mais de 2 mil apenas desde o fim do cessar fogo, em março.

Na EBC, a última notícia sobre o genocídio em Gaza publicado na Agência Brasil foi no dia 30 de abril, quando o governo dos Estados Unidos defendeu, na ONU, o bloqueio de ajuda humanitária por Israel em Gaza. Antes, a ABr havia noticiado o início das audiências em Haia para o julgamento de Israel. O ataque foi notícia em sites da mídia alternativa, como Brasil de Fato, ICL Notícias e Brasil 247. Enquanto isso, a Agência Brasil Brasil reproduz notícias de agências internacionais repercutindo a morte do Papa Francisco e o apagão na Península Ibérica. Um pouco de visão menos eurocentrada e foco nos mais necessitados do mundo seriam bem vindos na empresa de Serviço Público de Mídia.

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