A frequência FM 87,1 de São Paulo passou a transmitir a Rádio Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no dia 7 de maio de 2021, ainda no período de testes da banda estendida. A faixa entre 76 e 88 MHz do espectro eletromagnético foi liberada para as rádios FM com o desligamento da TV analógica. Nesse primeiro período, a grade era composta totalmente por programas das emissoras Nacional (AM e FM) de Brasília.
A retransmissora passou a ser considerada mais uma emissora própria da EBC quando estreou uma programação local. No caso, apenas o programa Manhã Nacional, que foi ao ar na versão paulista entre 9 de outubro de 2023 e 5 de abril de 2024. Na sequência, no dia 8 de abril estreou o Tarde Nacional São Paulo.
A descrição do programa na página da Rádio traz um bom resumo do que esperar da companhia dos jornalistas Victor Ribeiro e Guilherme Strozi, além do telefone de contato:
“No ar de segunda a sexta-feira, de 15h às 17h, o programa traz entrevistas, prestação de serviço, reportagens e agenda cultural com enfoque na Grande São Paulo. O programa também apresenta colunas sobre novidades musicais, achados da literatura e formação da identidade cultural da cidade. Você acompanha também informações sobre o tempo e o trânsito em São Paulo. E você é nosso convidado para interagir com a equipe do programa. Mande sua mensagem ou a sua sugestão de pauta para o WhatsApp (11) 97469-0138”.
Na escuta que fizemos, alguns dias durante a COP30 em Belém, o Tarde Nacional contou sempre com a participação ao vivo dos repórteres do Radiojornalismo da EBC presente no evento. E encerrava o bloco com uma pitada muito bacana: sempre uma música de artista do Pará, o que ajuda a levar os sons do Norte para outras regiões do Brasil. De Gaby Amarantos a Dona Onete.
Entre as colunas fixas que esta Ouvidoria Cidadã acompanhou, ouvimos criatividade, inovação e relevância com o Ajudante Digital de Leyberson Pedrosa, o Radar Sonoro de Sarah Quines e o Tapete Vermelho de Anna Karina de Carvalho. Esse último carece de um cuidado um pouco maior na gravação, é possível perceber um certo eco na narração, o que indica que não foi utilizado um estúdio profissional.
Um programa já tradicional da Nacional de Brasília, o Espaço Arte aparece no formato de uma agenda cultural no programa. Mas com um diferencial bastante interessante: o Tarde Nacional coloca no ar músicas do repertório dos artistas anunciados nos eventos do dia.
A seleção musical em geral também é bem elaborada e foge do óbvio, mesmo com artistas consagrados, buscando, às vezes, aquela faixa do lado B do álbum menos comercial. Mesclados com nomes do cenário atual, encontro de gerações e, inclusive, versões exclusivas, conseguidas graças às entrevistas ao vivo nos estúdios. As entrevistas e quadros do programa podem ser conferidos na página https://radios.ebc.com.br/tarde-nacional-sao-paulo.
No 20 de novembro, por exemplo, o repertório do Dia da Consciência Negra foi de Luiz Melodia a Liniker, Milton Nascimento a Isa, Dona Ivone Lara com Jorge Ben a Black Alien, Claudinho e Buchecha a Majur. Clássico e surpreendente.
A dinâmica e renovação na programação da Nacional de São Paulo contribuem para que a emissora se mantenha como a de maior número de ouvintes entre todas as praças da EBC. “O resultado confirma a força da marca e o alcance da programação junto ao público paulista, tanto no dial quanto nas plataformas digitais”, segundo a empresa.
Você pode ouvir a Rádio Nacional de São Paulo na banda estendida da FM, possível em aparelhos de rádio mais modernos, além do site Rádios EBC e do aplicativo Rádios EBC.
Um parêntese histórico
Uma emissora com o nome Rádio Nacional de São Paulo funcionou desde a década de 1950 como empreendimento de Victor Costa, que havia sido diretor da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A inauguração foi no dia 1.º de maio de 1952, em AM 1100 kHz. Mas a emissora paulista não tinha nenhuma relação com a histórica Nacional carioca, que a esta época já pertencia ao governo federal, sendo posteriormente herdada pela EBC.
Victor Costa morreu em 1959 e em 1965 todo o grupo do empresário foi vendido para as Organizações Globo. Ainda com o nome de Nacional, em 1969 a emissora foi palco de uma ação emblemática da resistência contra a ditadura militar: as antenas, na cidade de Diadema, foram ocupadas pela Ação Libertadora Nacional (ALN), às 8h30 do dia 15 de agosto. Os guerrilheiros desligaram a transmissão do estúdio e colocaram no ar, por cerca de 20 minutos, uma gravação do manifesto de Carlos Marighella intitulado “Ao Povo Brasileiro”, que foi repetida mais uma vez. No texto, a ALN rebatia as acusações de que teria iniciado incêndios em emissoras de TV e listava as prioridades do grupo, como derrubar a ditadura e anular todos seus atos; expulsar os norte-americanos do país e expropriar suas empresas e bens; acabar com o latifúndio; e acabar com a censura.
O nome da emissora passou a ser Rádio Globo em 1979, após exigência do governo federal, que havia registrado exclusividade para a marca Nacional. Depois de diversas reformulações e a estreia na FM em 2017, a Rádio Globo encerrou as transmissões em AM em São Paulo no dia 10 de fevereiro de 2020, devolvendo a concessão para a União.
