O coletivo de Raros e PCDs vê com preocupação a criação de uma coordenação de acessibilidade e uma de produção em Libras dentro da Empresa Brasil de Comunicação sem a participação dos principais interessados no produto dessas gestões. Gostaríamos de lembrar a diretoria da EBC que existem funcionários surdos na casa e outros PCDs que devem ser chamados para, ao menos, conversar sobre o tema.

A EBC já descumpre a cota PCD estabelecida pela Lei Brasileira de Inclusão. Essa lei foi criada para garantir a igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pela pessoa com deficiência com o objetivo de promover a cidadania e sociabilidade. Mas não adianta apenas admitir os PCDs no quadro funcional. Queremos ter oportunidades de crescimento profissional e sermos ouvidos no que se relaciona ao nosso lugar de fala. Temos experiência no assunto! Ninguém conhece mais as dificuldades e as necessidades de acessibilidade do que quem vivencia essa questão todos os dias. A realização de um censo na EBC ajudaria a direção a conhecer e quantificar melhor os funcionários PCDs da casa. E com certeza, ficaria surpresa com a quantidade de profissionais capacitados que já fazem parte do quadro.

Não adianta nada ter uma coordenação de “acessibilidade” se os funcionários PCDs da casa continuam sendo ignorados e com o auxílio PCD suspenso. Acessibilidade não é só uma palavra bonita no papel: precisa se refletir em ações práticas diariamente. Precisamos incluir PCDs , surdos e ouvintes, na cultura organizacional da empresa. Dar voz, autonomia, treinamento para que esses funcionários possam crescer e ter as mesmas oportunidades de todo o corpo funcional.

Queremos lamentar ainda o que foi feito com a proposta do Jornal Visual. Ele foi apresentado no Piching com um novo formato e conteúdos específicos para a comunidade surda, fazendo valer o objetivo da comunicação pública. Esse coletivo entende que é importante incluir funcionários PCDs no produto, especialmente surdos, mas isso não pode ser feito excluindo e ignorando toda a criação projeto. Este não é um trabalho que começa do zero. Nossos tradutores de libras não são PCDs, mas estão inseridos na comunidade e devem ser ouvidos. O que foi feito, e especialmente da forma que foi feito, foi uma ofensa a todos os funcionários concursados. Algo que esperamos que seja reavaliado com urgência.

Coletivo de Raros e PCDs da EBC

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