por Joseti Marques
A recente invasão do poder pelos militares no Brasil teve início no governo de Michel Temer, e começou pelas rádios do sistema público, administradas pela Empresa Brasil de Comunicação. Peço aos leitores e às leitoras a paciência de me acompanharem nesta volta ao passado; tenho certeza que vão perceber o quanto é urgente e necessária a defesa dos princípios da comunicação pública e o quanto é importante ter uma Ouvidoria que a proteja.
O tempo é uma ilusão, de acordo com os princípios da física quântica; e alguns acontecimentos do que convencionamos localizar no passado nos aproximam bastante desta definição radical. Ao olharmos para o que convencionamos definir como passado, observamos alguns marcadores que, por vezes, nos parecem falar dos riscos de um futuro que sequer sabíamos e que se realizaria em um tempo muito próximo; ou da repetição persistente de alguns fatos, como se o passado realmente se recusasse a passar.
Ilusório ou não, o final de mais um ano nos estimula a uma revisão do que fizemos lá atrás, para avaliar a pertinência do que pensávamos em comparação com o que hoje acreditamos. E eu continuo acreditando que uma comunicação pública, conforme prevista na Constituição Federal de 88, é não apenas possível, como urgente e necessária, não se confundindo jamais com comunicação estatal; também acredito fortemente que a Ouvidoria da Comunicação Pública deve ser diferenciada das demais ouvidorias dos serviços públicos descrito na lei das ouvidorias, dada a singularidade do serviço prestado à sociedade pela comunicação pública.
A independência da Ouvidoria da Comunicação Pública, localizada na EBC, é necessária justamente para que possa fazer a análise do produto que é veiculado com imparcialidade, e comprometimento não com o governo do momento ou com a diretoria da empresa que abriga os meios de comunicação públicos, mas com a função deste serviço para uma população manipulada por todas as mídias comerciais e mal informadas pelas mídia estatais, ao se confundirem com propaganda de partidos, governantes e seus acólitos.
Este olhar para atrás também me deixou ver que já então havia sinais que apontavam para uma tragédia que viria a se concretizar em um futuro muito próximo, com a chegada de militares ao poder. Tudo isso foi registrado em uma Coluna da Ouvidoria na Agência Brasil, em 2017, e republicado no Midium, onde hoje a reencontrei. E está lá, como se o “futuro” estivesse quanticamente emaranhado àquele tempo passado, mas que na ocasião não se conseguia perceber.
Aqui, a Coluna da Ouvidoria para os que se interessam pelo tema e quiserem detalhes.
Tenham todas e todos um feliz Natal e um Ano realmente Novo!
Até mais!
Publicação original: https://www.linkedin.com/pulse/invas%C3%A3o-militar-come%C3%A7ou-com-temer-pela-ebc-joseti-marques-rkluf/?trackingId=IaNyyIONQCq3vBITjB1FpA%3D%3D
Joseti Marques é jornalista, pós-doutoranda na UnB e ex ouvidora-geral da EBC