As rádios Nacional AM da EBC estrearam na banda estendida da FM no dia 7 de maio (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-05/ebc-inaugura-banda-estendida-fm-e-estreia-programacao-em-5-capitais). As boas novas chegam pelas ondas eletromagnéticas em Frequência Modulada no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife, todas na mesma sintonia: 87.1 FM.

“No Rio de Janeiro, a 87.1 FM veiculará a tradicional Rádio Nacional que mantém também a programação em AM. Nas outras cidades, a grade será composta por produções das três emissoras: Rádio Nacional AM, Rádio Nacional FM e Rádio MEC” e “excepcionalmente em Brasília, que já possui a transmissão da Rádio Nacional na frequência 96.1 FM, o conteúdo que será veiculado na faixa estendida será o mesmo da Rádio MEC do Rio de Janeiro”, informa a reportagem da Agência Brasil.

Não ficou claro na matéria se a emissora que compõe este mix é a Nacional do Rio de Janeiro ou a de Brasília, veículos que têm programações distintas, apesar de compartilharem alguns programas e transmitirem outros em rede. Outra confusão no texto é a respeito da Nacional FM de Brasília, que tampouco tem a mesma grade da AM.

Também não foi explicado se a Rádio MEC em FM em Brasília será a AM, que descende da primeira emissora do país, a Rádio Sociedade fundada em 1923, ou a FM, criada em 1983 e especializada em música clássica, ambas do Rio de Janeiro.

Essas dúvidas são dirimidas na página das emissoras (https://radios.ebc.com.br/): a 87.1 de Brasília vai retransmitir “a rádio de música clássica do Brasil” e na página da Nacional de Brasília AM foram incluídas as sintonias de São Paulo, Belo Horizonte e Recife. Essas informações deveriam ter ficado mais explícitas no texto da Agência Brasil.

FM estendida pra quem?

A promessa com a frequência em FM é de melhora na qualidade da transmissão e também de redução de custos para as emissoras. Segundo a reportagem, a AM sofre muita interferência nos grandes centros urbanos, o que diminui a qualidade do som, sendo a frequência mais adequada para o alcance a longas distâncias e no interior do país.

Como a FM não tinha sintonia disponível, era necessário ampliar a banda para comportar novas emissoras. A tentativa de ampliação começou em 2013, mas só foi possível agora, por causa da liberação de frequências que eram utilizadas pela TV analógica e foram desligadas com a digitalização dos canais. Segundo o Ministério das Comunicações, um total de 1.655 emissoras pediram a migração da AM para a FM e o processo dever ser concluído em 2022.

“A banda FM atualmente funciona de 88 a 108 mega-hertz (MHz). Com o desligamento analógico, a banda passará a ser de 76 a 108 MHz – exatamente os 12 MHz que anteriormente eram ocupados pelos canais desativados”, explica a reportagem da Agência Brasil, anunciando também que “os aparelhos de rádio mais modernos já pegam a faixa estendida a partir de 76.1 MHz”.

Apesar de informativa, a matéria tem tom promocional das ações do Ministério das Comunicações e da Semana Nacional das Comunicações, não apresentando as questões práticas dessa ampliação da faixa FM: afinal, as pessoas vão conseguir sintonizar a nova frequência?

Uma matéria de 2019 da própria Agência Brasil já falava da ampliação da banda e que novos aparelhos de rádio seriam fabricados com esse alcance (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-07/novos-radios-produzidos-no-brasil-poderao-sintonizar-mais-radios-fms). Mas fazendo uma busca por aparelhos de rádio em sites de varejo, verificamos que nem sempre aparece a informação da banda atendida pelo receptor. E, quando consta tal informação, a maioria fala de 88 MHz e alguns poucos de 87 MHz. Verificamos também que muitos aplicativos de smartphones só tem alcance até 87.5 MHz. Nos carros, o padrão também é 87.5 e apenas alguns modelos muito novos e de luxo possuem o alcance até 76 MHz. Ou seja, por enquanto, pouca gente vai conseguir ouvir as emissoras nas novas frequências.

A notícia da estreia da frequência em FM também foi veiculada pela TV Brasil, nos jornais locais do Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Na matéria da TV Brasil de São Paulo aparece uma informação nova, de que a EBC pretende estar presente na faixa estendida em todos os estados. Informação relevante, apesar de a reportagem encerrar com uma nota absolutamente chapa branca do Ministério das Comunicações (https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-sao-paulo/2021/05/faixa-estendida-da-fm-entra-em-operacao), que beira a promoção pessoal do titular da pasta. Que, diga-se de passagem, é o ministério ao qual a EBC está vinculada.

Na Radioagência Nacional, a notícia foi dada de forma quase protocolar, com falas das “autoridades” (https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/cultura/audio/2021-05/radio-nacional-am-sera-transmitida-tambem-pela-fm-em-quatro-capitais). Apenas na Radioagência aparece a informação relevante de que a “transmissão do sinal da Rádio Nacional AM e da Rádio MEC AM, em FM, está em fase de testes, que vai durar 60 dias”. E aqui, mais uma confusão: não é a Rádio MEC AM que vai ser transmitida em FM em Brasília, conforme já esclarecemos.

Uma semana depois, no dia 14 de maio, outra reportagem publicada na Radioagência aprofunda o tema (https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/geral/audio/2021-05/aparelhos-precisam-se-adaptar-para-captar-faixa-estendida-da-radio-fm), acertadamente questionando a capacidade dos aparelhos receptores de sintonizar a faixa estendida. No dia 31 de maio, uma reportagem comemorativa dos 63 anos da emissora de Brasília (https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/geral/audio/2021-05/nacional-de-brasilia-1a-emissora-da-capital-federal-completa-63-anos) também menciona a transição.

Saudamos a novidade da estreia das rádios da EBC na faixa estendida da FM. Mas esperamos conteúdos mais analíticos e críticos dos veículos públicos, além de informações mais precisas. Por hora, para quem tem internet, toda a programação pode ser acompanhada pelo site radios.ebc.com.br e pelo aplicativo Rádios EBC, disponível nas lojas virtuais (Apple Store e Google Play).

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