Sensacionalismo, segundo o dicionário Aurélio, significa “divulgação e exploração, em tom espalhafatoso, de matéria capaz de emocionar ou escandalizar”. Outra acepção do mesmo dicionário fala de “uso de escândalos, atitudes chocantes, hábitos exóticos, etc, com o mesmo fim”. No Houaiss a definição é “uso e efeito de assuntos sensacionais, capazes de causar impacto, de chocar a opinião pública, sem que haja qualquer preocupação com a veracidade”.
Em jornalismo, a prática do sensacionalismo está associada ao exagero no tratamento editorial para causar impacto e atrair audiência, muitas vezes com fatos banais ou da esfera privada. É usado, em especial, no noticiário policial ou policialesco e, por vezes, é considerado falta de ética, sendo associado de forma pejorativa à imprensa marrom, que se apoia em abordagens falseadas ou exageradas das notícias.
No Manual de Jornalismo da EBC (https://www.ebc.com.br/sites/_institucional/files/uploads/2012/04/Norma-de-Jornalismo.pdf), a prática é vedada, conforme descrito na parte que fala sobre cobertura de segurança pública e violência:
– “a exposição de cenas de violência ou de suas consequências – por imagens, textos ou descrições – deve ser evitada e só admitida em casos excepcionais, quando houver relevância para a informação”;
– “o uso de imagens de vítimas, inclusive de arquivo, só serão permitidas se forem a única maneira encontrada pela reportagem da EBC para narrar um fato, mesmo assim buscando evitar a renovação ou aumento do seu sofrimento ou dos seus parentes”;
– “o profissional da EBC deve portar-se com objetividade, rejeitar o sensacionalismo e buscar a exatidão, sem aumentar ou diminuir a significação dos acontecimentos”.
Mas, apesar desses dispositivos no manual, temos visto cenas sensacionalistas nas redes sociais da TV Brasil. Nas últimas semanas, flagramos pelo menos cinco casos no Instagram da emissora (https://www.instagram.com/tvbrasil/):
– um bezerro circulando na via expressa Linha Vermelha, no Rio de Janeiro (5/7)
– cenas de violência no entorno de estádios promovido por torcidas organizadas (16/07)
– imagens de um acidente entre um trem e um ônibus no Rio de Janeiro (18/07)
– o vídeo da queda de um guindaste nos Estados Unidos (26/07)
Um outro vídeo, postado no dia 18 de julho e retirado das redes, mostrava uma médica agredida por pacientes, com repetição da imagem fechada nos ferimentos ensanguentados.
Cenas não condizentes com a comunicação pública e com o Manual de Jornalismo da EBC. Não condizentes, inclusive, com a ética jornalística. E se tais cenas chocantes ou caça-cliques foram para as redes sociais, significa que também foram exibidas na TV Brasil. É chocante ver notícias e imagens sensacionalistas sendo reproduzidas por uma emissora e suas redes sociais que deveriam ser de comunicação pública.