Estreou no início de agosto o novo telejornal da TV Brasil. Repaginado, com novo cenário, ampliado de 45 minutos para 1 hora e com novos apresentadores, a promessa é que o principal noticiário da emissora pública tenha “mais tempo para pautas diversificadas e aprofundamento de temas do interesse da sociedade” (https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2023/08/estreia-o-novo-reporter-brasil-com-informacao-diversidade-e-servicos).

Acompanhamos a edição do dia 1º de setembro, uma sexta-feira, para conferir o novo formato. O programa está disponível na íntegra no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=H9Xue4IAFfQ). O videowall por trás dos apresentadores traz a nova identidade visual da EBC, com o contorno da pipa implementada pela gestão passada e as cores cítricas adotadas agora. Apesar do movimento de linhas e da logomarca, não chega a atrapalhar a atenção do espectador.

Os apresentadores são Luiz Carlos Braga, já velho conhecido do público da TV Brasil, pois apresentou o Repórter Brasil tarde entre outubro de 2020 e março de 2022. Ao lado do âncora experiente, Maria Paula Sato, uma mulher negra de presença marcante, que soma muito à comunicação pública.

A edição analisada foi, de fato, bem diversificada e trouxe temas importantes, tanto os de destaque no noticiário em geral, como o calote da 123 milhas, o aumento de 0,9% no PIB e a abertura da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, como pautas de interesse mais restrito e que são caras à comunicação pública, como dados da violência contra crianças com entrevista ao vivo, relatório dos Direitos Humanos sobre a Operação Escudo da Polícia Militar de São Paulo e as investigações sobre o assassinado da Mãe Bernardete Pacífico.

Os destaques da edição ficaram por conta de uma reportagem no Quilombo de Mesquita, próximo a Brasília, que mostrou os desafios enfrentados pela população local, incluindo ameaças de morte, e a participação das emissoras parceiras, que dão mais abrangência regional ao noticiário. De Pernambuco veio uma reportagem sobre sífilis congênita e da Rede Minas, as novidades sobre a vacina brasileira contra Covid-19, desenvolvida pela UFMG. Por outro lado, notamos pouca participação das praças São Paulo e Rio de Janeiro e nenhuma do Maranhão.

Outra boa novidade é o quadro Não se Engane, que vai ao ar às sextas-feiras e tem o objetivo de trazer esclarecimentos sobre fake News que circulam nas redes sociais. Na edição, foi tratado o caso de um vídeo da Embraer que chamaria para um golpe militar. É fake. Importante destacar que o apresentador do quadro ressalta que não existe a possibilidade constitucional de ocorrer uma intervenção militar no Brasil e, caso isso ocorra, seria um golpe.

A parte governista da edição ficou por conta dos 46 anos da Rádio Nacional da Amazônia. No lugar de mostrar como funciona a rádio, ouvir os profissionais que a colocam no ar ou os ouvintes dos lugares mais longínquos do país, o jornal trouxe apenas uma declaração da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que explicou com propriedade a importância da emissora.

Chama a atenção negativamente a falta de padrão na identidade visual dos microfones usados pelos repórteres – que, aliás, praticamente, não aparecem no noticiário. Contamos apenas quatro reportagens gravadas em que aparecem as chamadas passagens, além das entradas ao vivo. Vimos dois modelos diferentes de microfone: um com uma espuma grande, como a amarela usada na gestão anterior, num tom azul mais escuro e com a logomarca da TV Brasil grande e de fácil leitura. O outro traz uma canopla quadrada e de plástico, que fica entre o microfone em si e a mão da repórter, em um tom azul mais claro e com a logomarca bem pequena. Padrão visual é importante para fortalecer a marca da TV Brasil junto ao público.

Outra questão visual que causa uma certa estranheza é a entrevista ao vivo feita no Rio de Janeiro. Ao fundo, aparece a redação da emissora vazia, em um ângulo muito baixo, e foi possível ver uma pessoa passando por trás da entrevistada, entre as mesas e cadeiras vazias, com a cabeça cortada fora do quadro.

São pequenos ajustes que podem ser feitos. No geral, a pauta do novo Repórter Brasil Noite cumpriu o que prometeu e mostrou fatos com enfoques relevantes para a comunicação pública, se diferenciando da linha editorial dos veículos comerciais.

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