A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi demitida pelo presidente Lula no dia 25 de fevereiro. Em seu lugar, assumirá Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. A “fritura” de Nísia, como se diz no jargão jornalístico, já estava ocorrendo há algum tempo, com notícias sobre uma possível reforma ministerial desde o final de 2024. A troca será oficializada no dia 6 de março, quando Padilha, que já chefiou a pasta da Saúde durante o governo Dilma, de 2011 a 2014, toma posse em seu novo posto.

Trocas em ministérios são normais, fazem parte do dia a dia da política. Agora, troca de título em matéria já publicada, sem que haja qualquer erro semântico, ortográfico ou de adesão aos fatos, é algo estranho. Mas parece ter sido o que aconteceu na Radioagência Nacional. Assim, meio escondido, como quem não quer nada, o título da matéria que informa sobre o fato mencionado mudou de “Presidente Lula demite Nísia Trindade, Padilha assumirá a Saúde” para “Lula decide substituir Nísia por Padilha no Ministério da Saúde”.

A informação clara e correta está expressa na primeira frase do texto: “O presidente Lula demitiu nesta terça-feira a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A decisão foi comunicada após conversa entre os dois no Palácio do Planalto”. Se a informação está correta e dita no primeiro parágrafo, por que trocar o título? Aparenta ser uma forma de minimizar o fato de uma ministra elogiada perder o cargo, sem uma explicação técnica para isso. Uma forma de eufemismo para “esconder” a notícia, algo muito visto em tempos anteriores na EBC, sob outras gestões, nessas mesmas agências de notícias, quando era difícil noticiar certos assuntos.

E pior. O título novo é exatamente igual ao da “irmã” (ou “mãe”) da Radioagência Nacional, a Agência Brasil. Portal, inclusive, que abriga (ou esconde) a Radioagência. Em tempos de buscas orientadas por algoritmos pouco transparentes, qual a chance de as duas publicações, com o mesmo título e publicadas na mesma raiz de endereço, serem exibidas para o leitor que procurar sobre o assunto em um buscador como o Google?

Esconder notícia não desfaz o fato, mas soa como censura e arranha a credibilidade do veículo.

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