Mais uma vez a Agência Brasil deu um show de reportagem para marcar uma efeméride. No dia 14 de setembro, o país celebrou os 190 anos da imprensa negra, rememorando a data de criação do jornal O Homem de Côr, por Francisco de Paula Brito. A série traz três reportagens, costurando a mensagem representativa de uma “missão que une comunicadores negros do passado e do presente: a de não se calar diante da intimidação, da violação de direitos e de ameaças à liberdade”.

No texto principal, Imprensa negra: 190 anos de luta antirracista ligam passado e presente, o repórter Rafael Cardoso relata a história do primeiro jornal negro do país, que nasceu denunciando o racismo que se perpetua ao longo dos séculos e continua se fazendo necessário o debate a respeito do tema. A reportagem é intercalada com a análise de pesquisadores e historiadores, além de reproduções de diversos periódicos negros ao lodo da história do país.

Com base em depoimento de comunicadores negros atuais, Jornalistas negros desafiam abordagens racistas da mídia tradicional descreve a necessidade de uma mídia especializada e com o olhar para o recorte racial, em um ambiente de concentração dos meios de comunicação, racismo estrutural e estigmatização da população negra, bem como de naturalização do superencarceramento e genocídio negro no país.

O último texto, TV quilombola ajuda comunidade a preservar memória de lutas, destaca a iniciativa de jovens do Quilombo Rampa, em Vargem Grande, Maranhão, para contar suas inúmeras histórias, invisibilizadas na mídia tradicional, contribuindo para “preservar a memória e divulgar as lutas do povo negro”.

Dessa forma, a Agência Brasil demonstra novamente sua importância fundamental em pautar temas invisibilizados, já que a data praticamente “passou em branco” para a grande imprensa. Encontramos menção aos 190 anos da imprensa negra no Brasil apenas em duas colunas de jornais hegemônicos: de Flávia Oliveira no Globo, no dia 8 de setembro, falando da digitalização do jornal O Progresso pela Biblioteca Nacional, na qual também traz um breve relato histórico; e de Tom Farias, na Folha de S. Paulo, apenas no dia 20 de setembro, com a trajetória de Francisco de Paula Brito.

Fora isso, encontramos uma nota da própria Biblioteca Nacional, lembrando a efeméride e destacando a digitalização do jornal O Progresso, e republicações do texto da Agência Brasil, como no Diário de Petrópolis, Centro Feminista de Estudos e Assessorias (Cfemea), O Povo, Afrobrasnews (sem o crédito para a Agência Brasil) e no portal Poder 360, que publicou o texto na íntegra e assinou “com informações da Agência Brasil”.

Além, claro, da imprensa negra atual e em mídias independentes: Alma Preta, que lançou o primeiro Manual de Redação de jornalismo antirracista, teve replicação no Portal Terra; a Agência Mural listou dez veículos negros da história brasileira; e o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) reproduziu uma postagem da historiadora Ana Flávia Magalhães, diretora do Arquivo Nacional e fonte de todas as matérias sobre o tema da imprensa negra.

A TV Brasil, a Radioagência Nacional e as rádios MEC e Nacional deixaram passar esse importante marco.

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