No dia 23 de março, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão sobre as medidas que o governo tomou e tem tomado para combater a pandemia de Covid-19, no momento em que a pandemia se agrava e no mesmo dia em que pela primeira vez o país ultrapassou a marca de 3 mil mortos por dia.

A Agência Brasil publicou um texto, sem assinatura de repórter, poucos minutos após o pronunciamento, às 20h35, e detalhou parte do que o presidente falou. Destacou na manchete que o Bolsonaro prometeu autossuficiência em vacinas ainda em 2021, que ele disse ter intercedido junto à Pfizer para obter 100 milhões de doses, que o Brasil é o quinto país que mais vacinou até o momento e que o país terá disponível 500 milhões de doses até o fim do ano.

E só. Sem resgatar nada do que o presidente disse desde o início da pandemia, negando a gravidade e desdenhando da dor das famílias, nem as medidas que de fato tomou em relação à vacina, muitas delas para dificultar o acesso da população a ela. Nem ao menos cita o número de mortos do dia ou o colapso nos hospitais na maioria dos estados.

Outros veículos, como o El País e o G1, estamparam na manchete que o presidente mentiu em rede nacional:

Manchete do Em País Brasil no dia 23/03/2021, após pronunciamento do presidente
Manchete do G1 no dia 23/03/2021, após pronunciamento do presidente

Para ficarmos apenas na questão da vacina, Bolsonaro omitiu que, proporcionalmente o Brasil vacinou apenas 6% da população e com apenas uma dose, ficando, portanto, abaixo do 70º lugar na vacinação mundial, que ele próprio desacreditou a vacina várias vezes e que recusou uma oferta da Pfizer feita em setembro para a venda ao Brasil de 70 milhões de doses, além de ter dito em outra ocasião que não era obrigação dele “ir atrás” de vacina e que ele próprio não se vacinaria.

Diversos portais de notícias estamparam as mentiras de Bolsonaro no pronunciamento do dia 23

Mais uma vez, a Agência Brasil se absteve de fazer jornalismo e se prestou a fazer assessoria de imprensa para o presidente, apenas reproduzindo suas falácias.

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