No dia 14 de janeiro, quando o sistema de saúde colapsou em Manaus pela alta demanda por oxigênio e por leitos de UTI para pacientes de Covid-19, com o decorrente caos nos hospitais públicos e privados, os veículos da EBC não deram ênfase a essa notícia nos seus veículos.

Enquanto na mídia privada e nas redes sociais essa foi a principal notícia do dia, gerando muitas matérias e repercussão, a Agência Brasil destacava na manchete que Avião que buscará vacinas na Índia parte amanhã à noite do Recife. O que nem ocorreu, no fim das contas.

Outros destaques na home eram o reajuste na faixa de contribuição à Previdência dos servidores, aulões ao vivo do Enem e a Copa do Brasil.

Destaques na Home da ABr na tarde de 14/01/2021, quando o sistema de saúde de Manaus colapsou com falta de oxigênio para pacientes.

No fim da tarde, a única notícia que relatava a situação de Manaus na Agência Brasil ganhou um destaque tímido:

O título da matéria não evoca o colapso e a falta de oxigênio, destacando o toque de recolher imposto diante do ocorrido. Só no segundo parágrafo da matéria vamos saber que o governo estadual entrou na justiça para que a empresa White Martins entregue a demanda necessária de oxigênio e o destaque quase único é em relação à questão judicial com a empresa. Não se falou do colapso dos hospitais que levou a mortes de pacientes, apenas foi citada a possibilidade de transferência de doentes. A maior parte da matéria é sobre a circulação de pessoas e transporte, assim como uma matéria do mesmo dia sobre a proibição de embarcações vindas do Amazonas entrarem no Pará.

No dia anterior, 13 de janeiro, duas matérias mais completas foram produzidas sobre a falta de oxigênio (https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/consumo-de-oxigenio-hospitalar-no-amazonas-aumentou-mais-de-onze-vezes) e (https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2021-01/justica-manda-empresas-fornecerem-oxigenio-hospitais-de-manaus), apesar de uma delas ser também quase exclusivamente sobre a questão judicial com a White Martins.

Isso evidencia que a temática não vinha sendo ignorada pela Agência Brasil até o colapso, mas que, justamente, no dia 14, não houve praticamente cobertura da notícia mais dramática do dia. Quem leu apenas a Agência Brasil, achou que o país estava muito bem preparado e superando a pandemia, indo buscar vacinas, preparando os estudantes para o Enem e tudo normal com o futebol. Ainda entrou em destaque uma matéria sobre a autorização do retorno às aulas presenciais em São Paulo. Covid-19? Parecia tudo praticamente superado, enquanto relatos dramáticos de profissionais de saúde e familiares de Manaus circulavam nas redes sociais.

No dia seguinte, 15 de janeiro, a Agência Brasil continuou na cobertura e publicou uma matéria que deu a dimensão humana do drama. Manaus: familiares buscam cilindros de oxigênio para salvar pacientes mostrou o desespero de familiares e profissionais da saúde em busca de oxigênio para os pacientes.

Também saiu a informação de que a o avião da manchete do dia anterior não decolaria, apesar do título invertido Itamaraty confirma que Índia atrasará entrega de vacinas, fazendo parecer que o atraso na entrega das vacinas foi provocado exclusivamente pelo governo indiano, e não pela falta de interesse e negociação do governo brasileiro.

Outras matérias completaram a cobertura no dia seguinte ao caos em Manaus: Covid-19: Saúde recruta 2,5 mil profissionais para atuar em Manaus, Marinha e Universidade de São Paulo enviam 80 respiradores para Manaus, Manaus vai transferir 235 pacientes com covid-19 para 7 estados e DF e Decreto estadual confirma suspensão do Enem no Amazonas. Porém, nenhuma delas ficou em destaque na home.

A Radioagência Nacional tampouco destacou o caos do dia 14 na capa do site, apesar de a matéria referente à notícia de Manaus ter sido completa e deixa evidente já no título o principal acontecimento: Falta oxigênio nos hospitais do Amazonas por causa da alta de Covid-19.

Capa da Radioagência na tarde do dia 14 de janeiro

Na TV Brasil nada foi mencionado sobre o colapso dos hospitais. O principal telejornal da emissora, o Repórter Brasil Noite, somente citou os números de contaminados e mortos, da mesma maneira protocolar que costuma fazer todos os dias.

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