Na última terça (18), a BBC comemorou seu centenário. A emissora destacou (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63308161) que é, atualmente, a maior do mundo em número de funcionários.
A EBC nasceu para ser a BBC brasileira, mas nas comparações é sempre jogada para baixo, como se dispusesse da mesma estrutura. Por isso, a Ouvidoria Cidadã da EBC aproveita a data para evidenciar o encolhimento da equipe da empresa brasileira, uma vez que a redução das equipes, provocada e proposital, é algo que impacta diretamente a qualidade do material jornalístico apresentado à sociedade.
Um dos principais aspectos que destacamos é a quantidade de nomeações, designações e exonerações realizadas ao longo dos 4 anos do governo Bolsonaro. A troca de chefias, ainda que intermediárias, é constante, o que acaba promovendo um clima de instabilidade e propício à descontinuação de projetos. Além disso, trabalhadores e trabalhadoras da EBC ressaltam que muitos dos chefes que chegam na empresa com cargos de comissão, ou seja, que não são concursados, não têm nenhuma experiência com comunicação pública e, com frequência, acabam aplicando à EBC uma lógica advinda da mídia privada, Com isso, deixam de conduzir as atividades com aderência aos princípios inerentes à esfera pública.
Segue o levantamento das trocas de chefia nesse período:
2019
206 portarias de designação e dispensa de função de confiança
106 portarias de designação e dispensa de cargo em comissão
2020
85 portarias de designação e dispensa de função de confiança
33 portarias de designação e dispensa de cargo em comissão
2021
154 portarias de designação e dispensa de função de confiança
62 portarias de designação e dispensa de cargo em comissão
2022
144 portarias de designação e dispensa de função de confiança
88 portarias de designação e dispensa de cargo em comissão
Apontamos aqui outra questão alarmante, que também impacta na qualidade do jornalismo feito e produz consequências profundas nos empregados da EBC: a quantidade de profissionais nas equipes da Diretoria de Jornalismo. Não constam da lista todas as funções nem todas as equipes – devido às sucessivas mudanças e consequente dificuldade de cômputo -, mas, por meio das que conseguimos levantar, já é possível observar que os empregados trabalham no limite, sobrecarregados. Em São Paulo, por exemplo, o telejornal local vai, muitas vezes, ao ar com apenas um editor de imagem fechando os VTs. Isso foi pontuado pelos trabalhadores, mas a direção da EBC não voltou atrás na decisão, mesmo sabendo que resultaria em carga de trabalho excessiva e até mesmo adoecimento mental.
Quantitativo de profissionais:
Agência Brasil
Brasília
11 editores
8 repórteres
7 fotojornalistas
4 tradutores
2 chefias de reportagem
2 chefias de pauta
1 gerente-executiva
1 gerente
1 chefia de edição
São Paulo
7 repórteres
1 fotojornalista
1 coordenadora
– editores
– tradutores
Rio de Janeiro
10 repórteres
3 fotojornalistas
1 tradutor
1 gerente regional
– editores
TV Brasil
São Paulo
6 editores de imagem
5 repórteres
4 editores de texto
4 pauteiros
4 coordenadores
3 produtores
2 chefes de reportagem
2 profissionais de ingest
2 maquiadoras
2 repórteres de esporte
1 chefe de pauta
1 editora-chefe
1 gerente regional
– figurinistas
Rio de Janeiro
10 cinegrafistas
10 editores de texto
6 repórteres
5 auxiliares
4 pauta e apuração
4 produtores
1 chefe de reportagem
1 coordenador de pauta
1 coordenador de edição
1 coordenador de cinegrafia
1 figurinista
Radiojornalismo
Brasília
10 editores
9 repórteres
7 produtores
São Paulo
2 repórteres
1 produtora
1 coordenador
Rio de Janeiro
5 repórteres
1 editor
1 operador de áudio
1 coordenador