Crédito: Alice Vergueiro/PVH

Trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) receberam nesta terça-feira (25) o Prêmio Especial Vladimir Herzog Contribuição ao Jornalismo, pela resistência na defesa da comunicação pública. Em sua 44ª edição, a entrega do mais importante prêmio de jornalismo brasileiro ocorreu no Tucarena, em São Paulo. Na apresentação da homenagem, Paulo Zocchi, integrante da Fenaj, destacou que profissionais da EBC receberam sete prêmios e 13 menções honrosas no Vladimir Herzog, desde 2005. Porém, nos últimos anos, a censura, governismo e perseguição que imperam na empresa impedem a realização de pautas mais aprofundadas.

Confira o discurso do coletivo homenageado:

Quando Vladmir Herzog foi assassinado pela ditadura, em 1975, ele era um trabalhador da comunicação pública. Vlado, dirigia a TV Cultura de São Paulo. Antes, ainda havia passado anos na BBC.

Hoje, resistimos pelo ideal da comunicação pública e agradecemos esse reconhecimento do mais honrado prêmio do jornalismo brasileiro.

Também muito nos honra receber esse reconhecimento ao lado da jornalista Kátia Brasil, do Amazônia Real. O meio ambiente e a situação dos povos indígenas estão entre os temas mais censurados na EBC. 

Nesses 4 anos, a direção e as chefias da Empresa Brasil de Comunicação reverberaram o negacionismo, omitiram as mortes pela Covid. Impediram que usássemos a palavra ditadura. Ignoram violações de direitos da população negra e vetaram Marielle Franco. Mentiram para nosso povo e escoram recursos para propaganda do governo federal.

Aqui, representamos dezenas de jornalistas e radialistas que não se omitiram do seu dever,  assim como diversos outros servidores públicos de órgãos como Ibama, Funai, e  Anvisa.

Sabemos também que não tem sido fácil para os jornalistas e radialistas comprometidos com a ética profissional. Aproveitamos para prestar solidariedade aos colegas de emissoras universitárias, da Rede Minas e Rádio Inconfidência, da TVE e da FM Cultura do Rio Grande Sul e da Rádio Cultura do DF, que também sofrem censura, privatização e abusos de governos estaduais.

Somos muitas e muitos na EBC, somos um coletivo, organizados pelos nossos essenciais sindicatos, unidos em defesa da comunicação pública, vital na democracia. Da missão de informar a sociedade, de dar voz a maioria silenciada, de transformar a realidade brasileira.

Travamos nesse período uma luta diária para registrar a censura e ainda justificar a necessidade de existência da EBC para milhões de brasileiros. Fomos e somos perseguidos, censurados, assediados e humilhados no desempenho da nossa profissão. 

Busquem os posicionamentos dos sindicatos, nossos dossiês de censura, nossa ouvidoria cidadã alternativa, já que até a ouvidoria oficial foi apropriada pelo bolsonarismo.

Lembremos que a verdade sobre o assassinato de Vlado só veio à tona graças à coragem da família Herzog e de companheiros jornalistas presos no mesmo Doi-Codi. Por isso, também em honra e em homenagem a eles, seguimos lutando.

Denunciamos e continuaremos a denunciar para que ninguém nunca esqueça. Nunca esqueçam a ditadura. Nunca esqueçam Herzog. Nunca esqueçam a resistência ao regime de Bolsonaro. Nunca esqueçam do que um governo autoritário fez com a EBC e com os jornalistas brasileiros.

Resistiremos sempre!

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