Em 22 de julho estreia o radiofônico Programa Nacional.
Criação da Agência Nacional por Getúlio Vargas.
Estreia em 3 de janeiro A Hora do Brasil, em cadeia nacional.
A redação da AN tinha 220 pessoas. No ano foram produzidos 13 mil notícias e 48 mil fotografias.
Com a extinção do DNI, a AN é subordinada ao Ministério da Justiça e passa a produzir cinejornais.
Instalada a rede Telex no Brasil, estrutura de distribuição de notícias das agências para as redações.
Decreto 50.840 conferiu à AN o poder de convocar cadeia de rádio e televisão e cuidar de sua execução técnica.
Decreto 60.349 integra a Agência Nacional ao Gabinete Civil da Presidência da República.
Agência Nacional transformada em Empresa Brasileira de Notícias (EBN),
Reformas editoriais e cooperação com a TASS da União Soviética.
EBN é extinta e o serviço informativo passa para a Radiobrás.
Criação da Agência Brasil na Radiobrás, mas subordinado ao Ministério da Justiça. Notícias governamentais para abastecer os veículos de comunicação e Voz do Brasil.
Lançamento do site da Agência Brasil, que distribuía também discursos do presidente.
Distribuição só pela internet, passa de estatal para agência de informação pública com foco no Governo Federal.
Bucci remodela a ABr para fins jornalísticos.
Página institucional da Radiobrás separada do conteúdo jornalístico. ABr publica texto, fotos, áudio, livro e infográficos. Creative Commons 2.5.
ABr entra como uma página dentro do website da EBC.
Lançamento do Portal EBC.
Retomada tradução e páginas em inglês e espanhol.
Central de Conteúdo.
Correspondentes nacionais.
Programa de rádio de transmissão obrigatória pelas emissoras, produzido pelo Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) para divulgar os atos do governo. A primeira transmissão ocorreu no dia 22 de julho de 1935.
Fonte: CPDOC/FGV
Levado por motivações políticas, econômicas e tecnológicas, o governo de Getúlio Vargas criou uma agência de notícias estatal, de alcance nacional, para atender ao projeto modernista de integração nacional por meio da circulação doméstica de notícias e também difundir os discursos do regime. Nascia assim, em 1º de março de 1937, a Agência Nacional (AN), subordinada ao Departamento de Propaganda e Difusão Cultural, alinhada ao objetivo de divulgar os atos do governo.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
Quando o DPDC foi transformado no Departamento Nacional de Propaganda (DNP), em 1938, inaugurou-se o programa "Hora do Brasil", transmitido diariamente por todas as estações de rádio, com duração de uma hora, visando à divulgação dos principais acontecimentos da vida nacional.
Ouça a música tema da Hora do Brasil, O Guarani, de Carlos Gomes.
Fonte: CPDOC/FGV
No ano de 1941, a redação da Agência Nacional tinha 220 pessoas e produziu 13 mil notícias e 48 mil fotografias, além de informes, comunicados e telegramas expedidos. Em 1944 a estrutura tinha imprensa local, imprensa do interior, imprensa estrangeira (traduções), recortes de jornais, documentação, copyright, redação especializada, radiotelegrafia, expedição, estatística, arquivo fotográfico, laboratório fotográfico, administrativo e taquigrafia.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
O DNI foi extinto em 1946 pelo decreto-Lei 9.788, assinado por Eurico Gaspar Dutra no dia 6 de setembro. O texto mantém a Agência Nacional, que passa a ser subordinada ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores e com uma função “meramente informativa das atividades nacionais em todos os setores competindo-lhe ministrar ao público, aos particulares, às associações e à imprensa tôda sorte de informações sôbre assuntos de interêsse da nação, ligados à sua vida econômica, industrial, agrícola, social, cultural e artística”. A agência também fica com a obrigação de “manter o jornal cinematográfico de caráter noticioso e o boletim informativo radiofônico de irradiação para todo o país”.
Segundo Aguiar e Lisboa (2016), no período a órgão passa a enfatizar a produção audiovisual, vindo a produzir um total de 958 cinejornais entre as décadas de 1940 e 1970, com filmetes curtos de atos oficiais e minidocumentários sobre temas de interesse do governo.
Links:
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016) e Legislação
Em 1960 foi instalada a rede Telex no Brasil, criando a estrutura de distribuição de notícias das agências para as redações dos jornais e rádios. A tecnologia foi um intermediário entre o telégrafo, criado em 1838 por Samuel Morse, e o fax, que teve sua primeira rede instalada em 1949 no Japão, se popularizando em todo o mundo a partir de 1973.
Enquanto o telégrafo utilizava pulso elétrico para transmitir mensagens em um código binário de pontos e traços, chamado de código Morse, o telex e o fax utilizavam a rede telefônica para enviar e receber informações. No telex, a mensagem era escrita em um aparelho similar a uma máquina de escrever, que perfurava uma fita de papel para ser transmitida em seguida. Já com o fax era possível transmitir mensagens escritas em papel.
Operadora de telex na Agência Nacional/EBN/Radiobrás, Maria da Glória, conhecida como Glorinha, que ingressou na empresa em 1979 e atualmente trabalha na produção da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, explica que os aparelhos funcionaram até o início da década de 1990, quando foram todos recolhidos.
“Entrei como operadora de telex, tinha que ter curso de datilografia, basicamente o nosso trabalho era de digitação”.
Ouça a conversa com Glorinha sobre como funcionava o telex, a internet da época:
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016), Glorinha e Wikipedia
Em 1961 o presidente Jânio Quadros conferiu à Agência Nacional o poder de convocar cadeia de rádio e televisão, cuidando da sua execução técnica, por meio do decreto nº 50.840.
Nesse período, a Agência Nacional permaneceu estreitamente orientada pela direção político-ideológica do governo da vez, mantendo e reforçando o papel de fornecedora de conteúdo para a mídia nacional, sem ônus nem cobranças financeiras. Parte do conteúdo era traduzida e redistribuída para outros países por agências estrangeiras.
Em 1963 o decreto nº 51.872, de João Goulart, cria a Secretaria de Imprensa, vinculada ao Gabinete Civil da Presidência da República, que tinha entre as funções “distribuir todo o noticiário referente às atividades da Presidência da República” e “preparar sinopses do noticiário diário”, serviço prestado atualmente pelo Monitoramento e Análise de Mídias da EBC. Em 1965 o decreto nº 56.596, de Humberto Castelo Branco, confere à Secretaria de Imprensa a função de “selecionar, para divulgação na Agência Nacional e órgãos congêneros, as informações e atos do Govêrno, discriminados, inclusive, por ordem alfabética dos Estados e Territórios, os assuntos de interêsse imediato dessas unidades da Federação”.
Com o golpe de 1964, a Agência Nacional mudou bruscamente a linha editorial e seu papel no sistema brasileiro de informação, passando a ser vista pelo regime militar como órgão de divulgação oficial. Em 1967, a Agência Nacional foi transferida para o Gabinete Civil da Presidência da República, o que situou a divulgação governamental em alto nível.
Isso se deu pelo decreto nº 60.349, que integra a Agência Nacional ao Gabinete Civil da Presidência da República. Com isso, a Agência passa a ter a finalidade de “colaborar com os órgãos públicos, associações privadas, imprensa, rádio, televisão, agências noticiosas e público em geral, mediante a divulgação de assuntos de interêsse do país, ligados a sua vida administrativa, política, financeira, social, cultural, cívica e artística”. Definição um tanto confusa entre funções governamentais, públicas e comerciais.
No artigo 58 do decreto, está definido que a Agência Nacional tem, entre outros setores, Serviço de Sucursais e Correspondentes; Serviço de Imprensa com redação dividida em turnos; Seção de Imprensa do Exterior; Reportagem Especial para rádio e TV; seções de fotografia e de filmagem, Serviço de Cinema; Laboratório; Serviço de Radiodifusão com redação, estúdio e Seção de Televisão; Serviço de Telecomunicações; Seção de Rádio-comunicações; e Serviço de Documentação com os setores de Arquivo e Estatística, Biografias e Pesquisas, Sinopses e Recortes, biblioteca e turma de impressão.
Em 1968 o decreto nº 62.119, do governo Costa e Silva, cria a Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República (AERP), “com a finalidade de assessorar o Presidente da República nos assuntos de comunicação social”, segundo o texto legal. A AERP foi sucedida pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), órgão ao qual se sucederam as vinculações das estruturas de comunicação do governo, inclusive a experiência pública da EBC.
Ainda em 1968, o decreto nº 62.989 assegura autonomia administrativa e financeira à Agência Nacional, como órgão autônomo da Administração Direta, “sem prejuízo de sua subordinação ao Gabinete Civil da Presidência da República”. A regulamentação veio pelo Decreto-Lei nº 592, de 1969, que determina à Agência Nacional a finalidade de “exercer atribuições informativas, cabendo-lhe noticiar, fotografar, filmar, gravar, irradiar, televisionar e publicar atos e fatos da vida oficial brasileira, bem como acontecimentos cuja focalização interesse à divulgação do Brasil e sirva à cultura nacional”. Mais uma vez, um misto de funções governamentais com públicas. O órgão era composto por Direção Geral, Divisão de Informações, Divisão de Telecomunicações, Divisão Audio-Visual e Divisão de Administração, sendo que o Diretor-Geral e o Diretor da Divisão de Informações “serão jornalistas profissionais de livre escolha e nomeação do Presidente República”.
Links:
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016) e Legislação
O golpe cívico-militar de 1964 “mudou bruscamente não só a linha editorial, mas o próprio papel da Agência Nacional no sistema brasileiro de informação”, segundo Aguiar e Lisboa (2016). De acordo com eles, no lugar de uma empresa jornalística com autonomia relativa, a Agência Nacional “passou a ser vista pelo regime militar como ‘órgão de divulgação oficial’”.
“Dentro dessa perspectiva, já em 17 de abril daquele ano, a direção-geral da agência foi entregue ao general Otávio Alves Velho, então vice-presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas. Os governos ditatoriais de Castelo Branco, Costa e Silva e Médici reaparelharam o órgão. Em 1967, houve a transferência da AN para o Gabinete Civil da Presidência da República, o que, nas palavras de outro diretor-geral, Arnaldo Lacombe, situou a divulgação governamental ‘no nível alto em que é preciso mantê-la’”.
Isso se deu pelo decreto nº 60.349 , de 9 de março de 1967. Assim, a Agência passa a ter a finalidade de “colaborar com os órgãos públicos, associações privadas, imprensa, rádio, televisão, agências noticiosas e público em geral, mediante a divulgação de assuntos de interêsse do país, ligados a sua vida administrativa, política, financeira, social, cultural, cívica e artística” (artigo 57, caput). Definição um tanto confusa entre funções governamentais, públicas e comerciais, além de assessoria de imprensa.
No artigo 58 do decreto, está definido que a Agência Nacional tem, entre outros setores, Serviço de Sucursais e Correspondentes; Serviço de Imprensa com redação dividida em turnos; Seção de Imprensa do Exterior; Reportagem Especial para rádio e TV; seções de fotografia e de filmagem; Serviço de Cinema; Laboratório; Serviço de Radiodifusão com redação, estúdio e Seção de Televisão; Serviço de Telecomunicações; Seção de Rádio-comunicações; e Serviço de Documentação com os setores de Arquivo e Estatística, Biografias e Pesquisas, Sinopses e Recortes, biblioteca e turma de impressão. Ou seja, uma verdadeira máquina de comunicação, abarcando praticamente todos os tipos de mídia e tecnologias da época.
Em 1968, o decreto nº 62.989 assegura autonomia administrativa e financeira à Agência Nacional, como órgão autônomo da Administração Direta, “sem prejuízo de sua subordinação ao Gabinete Civil da Presidência da República” (artigo 1º, caput). A regulamentação veio pelo Decreto-Lei nº 592, de 1969, que determina à Agência Nacional a finalidade de “exercer atribuições informativas, cabendo-lhe noticiar, fotografar, filmar, gravar, irradiar, televisionar e publicar atos e fatos da vida oficial brasileira, bem como acontecimentos cuja focalização interesse à divulgação do Brasil e sirva à cultura nacional” (artigo 1º, caput). A ênfase aqui é nas funções governamentais, mas a comunicação pública aparece em “sirva à cultura nacional”. O órgão era composto por Direção Geral, Divisão de Informações, Divisão de Telecomunicações, Divisão Audio-Visual e Divisão de Administração (artigo 2º, incisos I a V), sendo que o Diretor-Geral e o Diretor da Divisão de Informações “serão jornalistas profissionais de livre escolha e nomeação do Presidente República” (artigo 3º, caput).
Links:
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016) e Legislação
Nos marcos legais da década de 1970, o decreto nº 67.611, de 1970, assinado por Emílio Garrastazu Médice, estabelece o Sistema de Comunicação Social do Poder Executivo, ao qual se vincula a Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República.
Em maio de 1979, João Figueiredo, com a lei nº 6.650, cria a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, à qual é vinculada a Radiobrás. O texto legal determina que os objetivos da empresa de comunicação são “divulgar, como entidade integrante do Sistema de Comunicação Social, as realizações do Governo Federal nas áreas econômica, política e Social, visando, no campo interno, à motivação e ao estímulo da vontade coletiva para o esforço nacional de desenvolvimento e, no campo externo, ao melhor conhecimento da realidade brasileira”, além de “exercer outras atividades de comunicação social, que lhe forem atribuídas pela Secretaria de Comunicação Social”. Ocorre, com isso, a apropriação da máquina de radiodifusão criada ao longo das décadas e responsável pelo sistema Rádio Nacional para a comunicação de governo.
A mesma lei autoriza o poder executivo a transformar a Agência Nacional, órgão autônomo da Administração Federal direta, em empresa pública com a denominação de Empresa Brasileira de Notícias (EBN), também vinculada à Secom, com sede em Brasília e podendo “manter órgãos regionais e dependências, em qualquer ponto do território Nacional”.
O objetivo da EBN era o de “transmitir diretamente, ou em colaboração com órgãos de divulgação, o noticiário referente aos atos da administração federal e as notícias de interesse público, de natureza política, econômico-financeira, cívica, social, cultural e artística”. É aberta a possibilidade de fazer jornalismo em forma de texto, áudio e imagem, bem como a distribuição do material aos veículos de comunicação “sempre que possível a preço de mercado”. Nesse momento aparece pela primeira vez a possibilidade de cobrança pelo material fornecido e a EBN também fica incumbida de distribuir a publicidade legal dos órgãos e entidades da Administração Federal, função exercida atualmente pela EBC. É instituído o mandato de quatro anos para a diretoria, com quatro pessoas nomeadas pelo presidente da república.
A Constituição da EBN ocorreu pelo decreto 83.993 e a regulamentação da Secom veio com o decreto 83.559. A empresa produzia noticiários sobre o governo, com boletins diários, entrevistas e o programa A Voz do Brasil. Tinha sucursais na maioria das capitais e mantinha uma grande redação e estúdios de rádio em Brasília, de onde transmitia os programas de rádio para para todo o país por meio de linhas especiais da Embratel.
Já o decreto 84.181 altera o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão e institui a convocação gratuita das emissoras de radiodifusão para “a preservação da ordem pública e da segurança nacional ou no interesse da Administração”, “visando à divulgação de assuntos de relevante importância”. A convocação pode ser feita para pronunciamentos do Presidente da República e dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, bem como de Ministro de Estado autorizados pelo Presidente da República. A convocação é da competência do Ministro Chefe da Secom e a efetivação fica a cargo da EBN.
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Fonte: Aguiar e Lisboa (2016), Bucci (2008) e Legislação
Em 1985 o presidente da EBN, Carlos Marchi, faz reformas editoriais e firma cooperação com a agência TASS da União Soviética (1987), para “transformá-la em uma agência pública de informações”, como as experiências de agências europeias. Mas com a incorporação à Radiobrás, os autores afirmam que a prestação do serviço foi descontinuada
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
O decreto nº 96.212 , de 22 de junho de 1988, incorpora a EBN à Radiobrás, que passa a se chamar Empresa Brasileira de Comunicação, “sem prejuízo do desempenho das atividades de radiodifusão e de comunicação social”. O texto determina que a Radiobrás “exercerá suas atividades sob estreita supervisão do Ministro-Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, por intermédio da Subchefia para Assuntos de Imprensa e Divulgação - SID”. Com a fusão da EBN com a Radiobrás, a Rádio Nacional passa a ser a geradora da Voz do Brasil e das Redes Obrigatórias de Rádio dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Incorporando, assim, as funções de comunicação governamental.
Segundo Bucci, essa “morte prematura” da EBN tem tons de comédia, mas ocorreu como uma tragédia para os funcionários, após uma entrevista que o brigadeiro Paulo Roberto Camarinha, então ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, concedeu à EBN no fim do governo Sarney, na qual criticou os poderes Legislativo e Judiciário e a política econômica do governo.
As declarações foram ao ar ao vivo em uma entrevista de 50 minutos, em trechos na Voz do Brasil e depois reproduzidas amplamente pela imprensa. Camarinha perdeu o cargo sumariamente e a EBN foi extinta, sendo os funcionários realocados na Radiobrás.
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Fonte: Bucci (2008) e Legislação
Em 1990, governo Fernando Collor de Mello cria a Agência Brasil, serviço prestado pela Radiobrás, mas subordinado ao Ministério da Justiça, para difundir notícias governamentais e abastecer os veículos de comunicação. O material produzido também é difundido pela Voz do Brasil. Segundo Aguiar e Lisboa, nos anos 1990, a Agência Brasil teve “atuação discreta”, exercendo o papel tradicional de fornecedora de textos e fotos para jornais e outros veículos de mídia, em especial sobre os eventos oficiais e atos do governo federal. O material era enviado via fax e telex. A Agência Brasil foi inaugurada no dia 10 de maio.
Confira o vídeo da Radiobrás sobre o lançamento da Agência Brasil:
Confira o áudio de Fernando Collor de Mello por ocasião do marco dos 30 anos da Agência Brasil, em 2020:
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016), EBC
Em 1997 é lançado o site da Agência Brasil, que distribuía também discursos do presidente, e em 1998 a redação é remodelada e ampliada a produção de notícias. Nessa época, a publicação na internet era feita de forma manual por uma equipe técnica, que coletava os textos e formatava em HTML. A automação começou apenas em 1999 e no ano 2000 a distribuição dos conteúdos passou a ser feita apenas pela internet. Em paralelo, houve uma redefinição do papel da agência, passando de um modelo estatal para uma agência de informação pública com foco no Governo Federal.
Bucci descreve a Agência Brasil no fim da década de 1990 como um “escoadouro automático de informes governamentais, um entreposto de press releases”, com os funcionários não de enxergando como verdadeiros jornalistas. “Viam-se, talvez, como um pequeno exército mais ou menos anônimo que funcionava como um prolongamento da área de relações públicas do Planalto”, diz ele, destacando que o slogan da empresa na época era “Radiobrás, a fonte da melhor informação”. Ou seja, a própria empresa se colocava como fonte oficial de notícias, e não como veículo de comunicação.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016) e Bucci (2008)
Na virada do milênio, segundo Aguiar e Lisboa, a Agência Brasil tinha seção de fotos, resenha de imprensa nacional, o “fale conosco” e um serviço de chat. Em 2001 foram incorporadas as cotações de moedas, poupança e bolsa de valores e um sistema de busca por texto. O site continha links para páginas de outros canais de comunicação do Poder Executivo, como a TV NBR, a Voz do Brasil, o radiojornal Repórter Nacional, o Brasil Agora e o Atendimento Cidadão.
Segundo eles, nesse início como uma típica agência de notícias oficial, o site da ABr tinha links diretos para o Governo Federal e a Presidência da República e disponibilizava a agenda do presidente, íntegras de discursos e a ‘Palavra do Presidente’, que era um texto de apresentação assinado por Fernando Henrique Cardoso. Nessa época, a Agência Brasil também teve um serviço internacional de clipping em línguas estrangeiras, publicando notas em inglês, espanhol e alemão.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
Já no governo Luiz Inácio Lula da Silva, Eugênio Bucci assume a presidência da Radiobrás em 2003 e dá novo direcionamento à empresa. Segundo ele próprio relata em seu livro Em Brasília, 19 horas (2008), a ideia era interromper a cultura vigente no governo e na Radiobrás de que os veículos da empresa serviam para fazer propaganda do governo. Bucci defendeu a ideia de que a informação é um direito do cidadão, assim como saúde, moradia, trabalho e educação, e deu às emissoras e à Agência Brasil caráter jornalístico.
Ele afirma que a cultura que ousou vencer sobreviveria à gestão dele, “uma cultura ancestral, tão pesada quanto um continente”. Bucci destaca que a bajulação era a regra, mas que não há lei determinando que emissoras de rádio e televisão vinculadas aos governos devam fazer promoção de pessoas ou partidos. A lei era ignorada, a chapa-branca é ilegal, destaca ele. “Se não aceitamos que o automóvel sirva a fins privados, porque somos tolerantes quando o desvio se dá com os microfones, as câmeras ou as antenas?”
O autor afirma que a Radiobrás era encarregada por lei de noticiar atos do governo, mas não de fazer assessoria de imprensa nem ser porta-voz ou fazer publicidade governamental.
Bucci relata que para trabalhar, teria de remover um “modus operandi calcificado e enrijecido ao longo de três décadas”. “Alguns [funcionários], individualmente, tinham as suas opiniões, mas não havia clareza coletiva quanto a metas, missões, objetivos ou perfil do público”. Condição que foi mudando aos poucos. “Com o tempo, alteramos o enfoque do noticiário. As notícias iam para o ar segundo o seu valor informativo (...) De vez em quando, uma chamada da Agência Brasil ganhava reprodução imediata na primeira página dos mais importantes sites jornalísticos do país”. O slogan da Radiobrás passou a ser “pelo direito à informação”.
Fonte: Bucci (2008)
Em 2006, o website da Agência Brasil foi remodelado e a página institucional da Radiobrás foi separada do conteúdo jornalístico. Além de texto e fotos, a ABr passou a publicar áudio, vídeo e infográficos, além de adotar o padrão internacional Creative Commons 2.5 de licenciamento de conteúdo, que permite a reprodução gratuita desde que citada a fonte.
Fonte: Bucci (2008) e Aguiar e Lisboa (2016)
Em 2010, um redesenho no site inseriu a Agência Brasil como uma página dentro do website da EBC. Segundo Aguiar e Lisboa, dessa forma a marca da Agência Brasil foi atrelada à da EBC, “deixando mais evidente sua condição de serviço subordinado, e não de empresa autônoma”.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
Em outubro de 2011 foi lançado o Portal EBC, que, segundo a própria empresa, produz conteúdo próprio “com foco nos usuários de internet”. São notícias, materiais explicativos, especiais multimídia, transmissões ao vivo e narrações minuto a minuto. Apresenta também, de forma integrada, os conteúdos dos demais veículos da EBC, além de apresentar “uma visão crítica de assuntos de interesse do público na web e nas redes sociais”. Apesar de constar no descritivo do site espaço para publicação de conteúdo colaborativo, não há atualizações desta página desde abril de 2016.
A produção de conteúdo para o Portal EBC foi encerrada no dia 7 de agosto de 2020, quando toda a plataforma web da empresa foi reestruturada. Com isso, o endereço ebc.com.br passou a ser o Portal Institucional da EBC. Segundo a empresa, “todo o conteúdo produzido pelo Portal EBC será preservado e continuará acessível aos usuários”, com os trabalhos direcionados para os sites dos veículos e agências da EBC. Porém, na época da mudança, uma busca feita pela Comissão de Empregados apontou que vários conteúdos tinham saído do ar. Em setembro de 2021, verificamos que parte dos problemas apontados havia sido resolvido.
Links:
Comissão de Empregados da EBC aponta que conteúdos desapareceram
Fonte: EBC
Em 2013 foi retomado o serviço de tradução, com o lançamento das páginas da ABr em inglês e em espanhol. Em 2010, já havia sido retomado o serviço de resenhas em inglês.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016)
Nova reformulação do website da Agência Brasil, feita em 2014, destaca a Central de Conteúdo, área de acesso restrito sob cadastro e senha, pela qual é possível descarregar fotos em alta resolução e pesquisar no arquivo de notícias.
Números obtidos por Nitahara e Luz (2019) via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, em setembro de 2018, a Central de Conteúdos da EBC somava 20.679 usuários cadastrados, entre pessoas físicas e veículos de comunicação.
O sistema da EBC não identifica quem baixou conteúdo nem a resolução das fotos, assim como não há controle sobre que veículos utilizam que tipo de conteúdo. Em junho de 2018 a Central de Conteúdos contabilizou 7.221 downloads de fotos; em julho foram 6.055 e em agosto 8.468 downloads, o que indica a importância da ABr como fornecedora de conteúdo.
Fonte: Aguiar e Lisboa (2016) e Nitahara e Luz (2019)
No início de 2016 a Agência Brasil enviou correspondentes ao Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, selecionados por meio de processo interno, ampliando a regionalização da cobertura jornalística e aprofundando a função pública do veículo.
A expansão da cobertura da Agência Brasil para além da sede em Brasília e das praças em São Paulo e Rio de Janeiro começou em 2012, com alguns correspondentes enviados para outros países, como Portugal, Colômbia, Estados Unidos e Dinamarca, para aproveitar oportunidades particulares conseguidas por alguns funcionários, como curso de doutorado e acompanhamento de cônjuge em missão diplomática.
No Brasil, em 2015 a cobertura foi ampliada com correspondentes em Fortaleza e Manaus. A partir de 2012 também chegaram vários novos concursados na empresa, substituindo contratações feitas à época da criação no modelo de Função Comissionada que exerciam funções de pessoal concursado, como reportagem e edição de textos.
O projeto de correspondentes foi encerrado arbitrariamente em agosto de 2017, sendo os repórteres chamados de volta à sede em Brasília ou ao Rio de Janeiro.
Fonte: Nitahara e Luz (2019) e EBC