Inauguração do Edifício Joseph Gire, conhecido como A Noite, na Praça Mauá.
Em 18 de maio é constituída a Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional.
Inauguração da Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 12 de setembro.
Rádio Nacional é incorporada à União.
Estreia do Radioteatro Colgate em 5 de junho, com Em busca da Felicidade. Em 28 de agosto estreia o Repórter Esso.
Inauguração de três estações de ondas curtas direcionadas para EUA, Europa, Ásia e parte da África. Transmitiu programa para os pracinhas brasileiros na guerra.
Realizou os primeiros testes para a implantação da televisão no Brasil, com o programa Rua 42.
Lançada a Revista do Rádio.
Década do auge das radionovelas.
A redação de notícias foi mobilizada por 6 meses na campanha nacionalista do petróleo.
Criação da Rádio Nacional de Brasília.
Com a hegemonia da televisão, adota programação de música gravada, esporte e notícias.
Última transmissão do Repórter Esso, em 31 de dezembro.
Rádio Nacional de Brasília AM passa a transmitir com 600 kw de potência à noite, alcançando todo o Brasil.
Entra no ar a Rádio Nacional FM, primeira FM de Brasília.
Inauguração da Rádio Nacional da Amazônia em ondas curtas.
Estreia do programa Viva Maria.
Com a fusão da EBN com a Radiobrás, a Rádio Nacional passa a ser a geradora da Voz do Brasil e das Redes Obrigatórias de Rádio.
Convênio com a Petrobrás compra novos transmissores e equipamentos para a Nacional do Rio de Janeiro. Recuperação dos estúdios e auditório.
Em 2 de julho é reinaugurada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A programação é renovada.
Em 11 de outubro é lançada a Radioagência Nacional.
Rádio Mesorregional do Alto Solimões.
Edifício A Noite é tombado como patrimônio histórico e artístico pelo Iphan.
Aplicativo EBC Rádios.
Rádio Nacional Amazônia fora do ar.
Leilão do Edifício A Noite.
Entrada da EBC no Programa Nacional de Desestatização (PND).
Rádios Nacional AM ganham espaço na banda estendida da FM.
Com imponentes 102,5 metros de altura, divididos em 22 andares com pé direito alto, o Edifício Joseph Gire, conhecido como Edifício A Noite, nome do jornal que o construiu, chamava a atenção de quem desembarcava no Porto do Rio na década de 1930, fechando a Praça Mauá em frente à Baía da Guanabara e rodeado de sobrados e pequenos prédios.
A obra começou em 1927, no local onde ficava o Liceu Literário Português. O prédio número 7 da Praça Mauá foi inaugurado com muita festividade no dia 7 de setembro de 1929, na época o maior arranha-céu da América do Sul e primeiro do Brasil. Poucos anos mais tarde, o local passaria a sediar a Rádio Nacional. O projeto foi feito em colaboração entre os arquitetos Joseph Gire, autor também de construções memoráveis como o Copacabana Palace, o Hotel Glória e o Palácio Laranjeiras, e Eliziário da Cunha Bahiana, responsável pelo Viaduto do Chá, além do calculista Henrique Baumgart, que também fez o Palácio Capanema. A empresa Gusmão, Dourado e Baldassini executou a obra.
A construção foi tocada com o empenho do diretor do jornal A Noite, Geraldo Rocha, porém, devido ao grande custo do empreendimento, ele acabou endividado e pediu demissão em 1931, entregando todos os bens do jornal, inclusive o edifício, para a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, do empreendedor norte-americano Percival Farquhar.
Marco da utilização do concreto armado no país e símbolo da modernidade, o prédio tem o estilo Art Decó, que marcou a arquitetura de vários países das décadas de 1920 a 1940. Endereço do mais alto status na época, o A Noite sediou também empresas como Philips e Pan Am, as agências de notícias La Prensa e United Press Association e os consulados dos Estados Unidos e Canadá.
Fonte: Iphan
O investidor Percival Farquhar decide ampliar os negócios do jornal A Noite e institui a Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional 18 de maio de 1933.
É inaugurada em 12 de setembro, um sábado, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, pelo jornal A Noite, em ondas médias, prefixo PRE-8, com a música Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense. As notas foram ouvidas logo após a transmissão obrigatória do Programa Nacional.
Ouça a música que inaugurou a Rádio Nacional, na voz de Paraguassu.
No domingo, dia 13 de setembro, a Rádio Nacional fez a primeira transmissão esportiva, de Flamengo x Fluminense, com narração de Oduvaldo Cozzi.
Ouça a narração de Oduvaldo Cozzi para o gol de Zagallo na Copa de 1962, no Chile, contra o México.
A década de 1940 foi o ano do florescimento da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1940 a emissora é incorporada à União, por meio do Decreto-lei nº 2.073, de 8 de março, que passou para o Patrimônio Nacional as propriedades da Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. O texto lista a incorporação de “toda a rêde ferroviária de propriedade da Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande ou a ela arrendada”; “todo o acervo das Sociedades ‘A Noite’, ‘Rio Editora’ e ‘Rádio Nacional’”; e terras nos estados do Paraná e de Santa Catarina que pertenciam à empresa.
Segundo relata Claudia Pinheiro no livro A Rádio Nacional, por dificuldades financeiras o grupo A Noite, dono da rádio, pertencia a um conglomerado estrangeiro, a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. Na época, o governo federal queria uma rádio poderosa para enfrentar as agressões nazi-fascistas na Europa, então a intervenção foi balizada na lei que proibia grupos estrangeiros de controlar meios de comunicação, além do grupo estar em dívida com o União.
No levantamento Sistemas públicos de comunicação no mundo: experiências de doze países e o caso brasileiro, do Intervozes, os autores colocam que a incorporação da Rádio Nacional foi uma parte fundamental da “estratégia de fortalecimento dos instrumentos de difusão ideológica vinculados ao projeto do Estado Novo”. Porém, a emissora foi mantida como um veículo comercial, tanto na programação como no financiamento por anúncios publicitários. “Tal opção foi motivada pela necessidade de o presidente Vargas de compor com as forças sociais existentes, especialmente os empresários envolvidos e interessados no setor de radiodifusão”, segundo os autores.
Com isso, a emissora continuaria operando como uma rádio comercial, mantida por verbas publicitárias e reinvestindo os lucros na expansão. Segundo Pinheiro, a Nacional alcançou o primeiro lugar em audiência e faturamento, chegando a ter fila para patrocinar novelas ou programas.
Links:
Fonte: Pinheiro (2005), Azevedo et al (2009) e Legislação
A primeira radionovela transmitida pela Rádio Nacional foi a história cubana Em Busca da Felicidade, de Leandro Blanco, com adaptação de Gilberto Martins. A estreia ocorreu no dia 5 de junho de 1941 e a novela ficou em cartaz até 1943. O elenco contava com Zezé Fonseca, Iara Sales, Rodolfo Mayer, Ísis de Oliveira, Floriano Faissal, Saint-Clair Lopes e Brandão Filho, entre outros. Os capítulos iam ao ar às segundas, quartas e sextas-feiras às 10h30 da manhã. Em outubro de 2018, o conjunto dos roteiros da novela recebeu o título de Memória do Mundo, programa do Unesco para preservação do patrimônio documental da memória cultural dos povos. A EBC guarda seis dos nove volumes do roteiro.
Ouça aqui a abertura.
Fonte: EBC e CPDOC/FGV
Referência no radiojornalismo brasileiro, o Repórter Esso estreou no dia 28 de agosto de 1941, pela Rádio Nacional, com o lema “o primeiro a dar as últimas”. O noticiário era preparado pela agência United Press International (UPI) e seguia o modelo radiofônico norte-americano. Também foi transmitido pelas rádios Globo e Tupi no Rio de Janeiro, Record de São Paulo, Inconfidência de Belo Horizonte, Farroupilha de Porto Alegre e Rádio Clube de Pernambuco.
O Repórter Esso da Nacional se consagrou na voz de Heron Domingues, que a partir de 1944 se tornou o locutor exclusivo do boletim noticiário, com o slogan “testemunha ocular da história”. Eram três transmissões diárias regulares e edições extraordinárias, em caso de necessidade. O programa permaneceu 27 anos no ar. O marcante prefixo foi composto pelo maestro Carioca e gravado por Luciano Perrone na bateria, o próprio Carioca no trombone e nos pistons Francisco Sergi e Marino Pissiani.
Ouça o anúncio do fim da Segunda Guerra Mundial na voz de Heron Domingues, que simula o fim do combate para o Repórter Esso.
Fonte: EBC, CPDOC/FGV e Pinheiro (2005)
Em 1942 foram inauguradas três estações de ondas curtas direcionadas para EUA, Europa e Ásia, pegando também parte da África, com os prefixos PRL-7, PRL-8 e PRL-9. No início dos anos 1940, foi a principal emissora da América Latina e uma das cinco mais potentes do mundo. As transmissões em ondas médias e curtas integraram as regiões mais distantes do território nacional. Nessa época, a Rádio também criou um programa voltado para os soldados brasileiros que lutavam na Itália, transmitindo mensagens das mães, esposas e filhos dos pracinhas, com forte apelo emocional.
Fonte: Pinheiro (2005)
A Rádio Nacional realizou, em 1946, os primeiros testes na América do Sul para a implantação da televisão, transmitindo o programa Rua 42, produzido pelo humorista, roteirista, escritor e diretor Max Nunes e animado pelo radialista Manoel Barcelos.
Fonte: Pinheiro (2005)
Em abril de 1948 foi lançada pelo jornalista Anselmo Domingos a Revista do Rádio, impulsionando o nascimento da cultura de massa no país e a ascensão da Era do Rádio. A publicação teve extremo sucesso e durou 22 anos com circulação nacional, levando ao público curiosidades e fotos dos artistas. Ao todo, foram mais mil edições até o ano de 1970, quando já se chamava Revista do Rádio e TV.
Encarnando os bastidores do rádio no país, em especial da Rádio Nacional, a revista levava ao público a vida profissional e também um pouco da intimidade do elenco que antes era conhecido apenas por suas vozes, entre cantoras e cantores, animadores de auditório, locutores, humoristas, atores e atrizes.
Com a publicação, ganharam destaque os ídolos populares e grandes estrelas do país, como Carmem Miranda, que foi capa da primeira edição, Dircinha Batista, Sylvio Caldas, Jorge Veiga, Francisco Alves e Linda Batista. Os artistas que apareceram mais vezes na Revista do Rádio foram Emilinha Borba, Marlene, Angela Maria, Cauby Peixoto, César de Alencar e Ivon Curi.
A revista tratava também de ídolos do cinema e do teatro mas, especializada em rádio, passou a reunir as notícias sobre o veículo, antes publicadas de forma irregular pelos jornais. Além de informações gerais sobre a vida pessoal dos artistas e celebridades, a fórmula da revista incluia manchetes apelativas e fuxicos.
No começo, a publicação era mensal, mas passou a semanal em março de 1950. Entre as seções fixas, a revista trazia “A pergunta da Semana”, com opiniões de artistas sobre algum tema; piadas; lançamentos de discos; teatro, cinema e, a partir de meados da década de 50, também sobre TV; perguntas dos fãs; atualidades do rádio; fofocas sobre os artistas; entrevistas; e fotos das casas dos astros.
A revista também fazia promoções e premiava os artistas de rádio, como o concurso anual “A Rainha e o Rei do Rádio”. Temas sérios relativos ao rádio eram tratados no editorial, escrito por Anselmo Domingos.
A influência da TV no país pode ser percebida a partir da edição 502 da Revista do Rádio, de 2 de maio de 1959, quando abaixo do título passou a figurar a frase “A primeira em rádio e televisão”. A partir da edição 532, de 28 de novembro de 1959, o título da publicação passou a ser Revista do Rádio e TV, incluindo na publicação a grade de programação das emissoras.
A publicação foi extinta em 1970, poucos meses depois da morte de seu criador.
A hemeroteca da Biblioteca Nacional digitalizou o acervo da Revista do Rádio, disponibilizando quase todos os números até 1965. A partir de 1966, estão disponíveis poucas edições, até a número 1.073, lançada em 1970 já com o nome de Revista do Rádio e TV.
Confira aqui o acervo da Revista do Rádio!
Fonte: Biblioteca Nacional
A década de 1950 vivenciou o auge das radionovelas, com destaque para títulos como O Direito de Nascer, história do escritor cubano Félix Caignet adaptado por Eurico Silva. A trama estreou no dia 8 de setembro de 1951 e ficou no ar até setembro de 1952, chegando a alcançar a marca de 73% de audiência. No elenco, nomes como Paulo Gracindo, Yara Salles, Isis de Oliveira e Mário Lago.
Ainda na década de 1940 foram ao ar as radionovelas noturnas Predestinada, Fatalidade e Maldição, todas de Oduvaldo Viana. Até meados da década de 1960, as radionovelas ocuparam boa parte da grade e foram as campeãs de audiência da Rádio Nacional. Segundo o CPDOC/FGV, durante o ano de 1943 foram transmitidas 19 radionovelas e em dez anos os títulos chegaram a 75.
Ouça aqui a abertura de O Direito de Nascer:
Fonte: EBC, Pinheiro (2005) e CPDOC/FGV
No final da década de 1940 e início dos anos 1950, diversos setores da sociedade brasileira se mobilizaram em torno da campanha para defender a exploração do petróleo no país como um monopólio estatal. O movimento começou em 1948, após o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra apresentar o projeto do Estatuto do Petróleo, que considerava a nacionalização impossível por falta de verbas e técnicos capacitados para a exploração do óleo no país.
Uma reunião no Clube Militar iniciou a campanha, articulada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, que depois mudou de nome para Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN). O projeto acabou arquivado na Câmara dos Deputados ainda em 1948.
Quando Getúlio Vargas retorna à presidência, em janeiro de 1951, ele envia ao congresso o projeto de lei para criar a empresa Petróleo Brasileiro S.A., a Petrobras, de economia mista com controle majoritário da União e permitindo que até um décimo das ações ficassem sob controle de estrangeiros. Outros projetos foram apresentados, sugerindo outras formas jurídicas para a exploração de óleo.
Com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o CEDPEN nas ruas com a palavra de ordem “O petróleo é nosso”, Vargas optou pelo monopólio estatal e autorizou a abertura das negociações no Congresso. Após muita discussão e emendas na Câmara e no Senado, a lei número 2.004 foi sancionada no dia 3 de outubro de 1953, criando a Petróleo Brasileiro S. A – Petrobras, com propriedade e controle totalmente nacionais e participação majoritária da União, que ficou encarregada de explorar como monopólio, diretamente ou por subsidiárias, todas as etapas da indústria petrolífera no país, com exceção da distribuição.
Um dos grandes nomes do movimento O Petróleo é Nosso foi o escritor Monteiro Lobato, que publicou os livros O Escândalo do Petróleo, em 1936, e Poço do Visconde, direcionado ao público infantil, em 1937, em que defendia a existência do óleo no território nacional, ao contrário do que diziam os relatórios oficiais da época. Ele também montou uma empresa para perfurar poços em busca de petróleo no Brasil.
A famosa foto de Getúlio Vargas com as mãos sujas de petróleo foi feita em Mataripe, na Bahia, em 1952, um ano antes da criação da Petrobras. Em sua carta-testamento, de 24 de agosto de 1954, Vargas cita os interesses internacionais sobre as riquezas brasileiras, em especial ao petróleo, como um dos motivos para seu suicídio:
“Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma”.
Fonte: Petrobras e CPDOC/FGV
Com o início da construção de Brasília, em 1958 foi criada a Rádio Nacional de Brasília, para apoiar a construção da cidade e ser o meio de comunicação dos trabalhadores que foram construir a nova capital. A estreia ocorreu no dia 31 de maio, tendo como marca a oferta de informação e a prestação de serviços.
No discurso de inauguração da emissora, o presidente Juscelino Kubitschek destacou a importância da Nacional de Brasília para manter o país informado sobre as obras no Planalto Central.
“Das vertentes amazônicas às coxilhas gaúchas, e dos contra-fortes andinos ao litoral atlântico, Brasília fará ouvir a sua voz, a partir deste momento, graças aos possantes transmissores da Rádio Nacional, que ora inauguramos. Milhões de lares disseminados nos mais recôndidos recessos do nosso território participarão, assim, de ora em diante, da presença física e da convivência de Brasília, e reconhecerão a fisionomia familiar desta nova metrópole. Na mensagem diária da tenacidade e do arrojo dos que estão travando esta grande batalha patriótica no Planalto Central, brasileiros de todos os quadrantes recolherão o eco das emissões cotidianas da Rádio Nacional de Brasília, como um apelo ao seu patriotismo e ao seu entusiasmo cívico(...) A Rádio Nacional de Brasília, ora inaugurada, terá a responsabilidade de atuar como traço de união entre o Brasil atual e o Brasil do futuro, criando condições propícias para a convivência e para o intercâmbio cultural das nossas comunidades regionais”.
O auditório da Rádio Nacional de Brasília foi instalado em um galpão na quadra 507 sul, onde recebeu diversos eventos, grandes nomes da MPB e talentos da música regional. No ano de 1960, as instalações da emissora foram transferidas para o Setor de Rádio e Televisão Sul, na quadra 701 sul, quando também passou a transmitir em rede com a Nacional do Rio de Janeiro.
No livro É bom viver Nacional: vidas sintonizadas em 980 kHz, resultado do projeto final de graduação em Jornalismo de Nathália Mendes e Yvna Sousa, as autoras destacam que na hora do almoço os trabalhadores paravam ao lado dos rádios de pilha para ouvir as crônicas de Clemente Luz sobre a construção da cidade.
“Por alguns minutos, Brasília parava para ouvir histórias sobre ela própria. Na Rádio Nacional, o radialista falava sobre o trabalho dos pioneiros, os prédios que eram erguidos e a dinâmica da cidade que surgia e misturava à realidade difícil, um pouco de poesia e fantasia”.
Segundo elas, nos primeiros anos da nova capital, a Rádio Nacional de Brasília foi marcada pela integração, com os serviços de recado dos candangos para os familiares nos recantos do país, e pelo entretenimento, revivendo a Época de Ouro do rádio com os programas de auditório, até criar sua própria identidade.
“O entretenimento era pautado pelos programas de auditório, que reacendiam na nova capital a cultura da década de ouro do rádio. Passaram pelos estúdios da Nacional de Brasília de artistas de renome aos desafinados calouros, aclamados por um auditório apinhado de gente. Eram programas que se estendiam por horas e colocavam o povo simples para impostar sua voz no rádio”.
O radialista Clemente Drago (in Mendes e Sousa) lembra que a Nacional era a única opção de lazer na cidade em construção.
“Na Nacional antiga, nós tínhamos programas de auditório. As portas eram abertas, ninguém pagava nada. Enchia que ficava gente do lado de fora. E com aquelas caixas acústicas enormes, lá da W3 a gente ouvia. E as pessoas vinham de Taguatinga, Gama, Planaltina, Formosa, Sobradinho, Núcleo Bandeirante. Vinham para se divertir, participar, pelos prêmios, para cantar nos concursos de calouros. A Nacional era a única alegria que o brasiliense tinha naquela época. Porque não tinha Parque da Cidade, nada. Tinha obra, construção, prédio, “esqueleto”, assento de chão, só”.
Segundo o cantor Fernando Lopes (in Mendes e Sousa), os músicos da Nacional também iam até o acampamento dos trabalhadores, animar o “candango” com transmissões ao vivo.
“Quando dava o sábado de manhã, a gente ia com esse trio no caminhão para o acampamento Pacheco Fernandes, por exemplo, fazer lá a Rádio Nacional no Seu Acampamento, com o artista mexicano Fernando Lopes, a cantora Glória Maria, a rumbeira Selma Costa, o palhaço Cacareco... E a rádio transmitia. Tinha equipamento para fazer transmissão. E lá nós entregávamos mais uma vez o microfone para o pessoal. “Fala, candango!”, e ele falava, recitava uma poesia”.
Links:
Fonte: EBC e Mendes e Sousa (2010)
Com a hegemonia da televisão a partir da década de 1960, a Rádio Nacional adota programação de música gravada, esporte e notícias. Pieranti (2018) também assinala que a ditadura militar impôs limitações à emissora nas décadas de 1960 e 1970.
“A saga da radiodifusão educativa, contudo, não se restringiu, à época, às expectativas sobre a nova fase. Enquanto o Ministério das Comunicações planejava a expansão da infraestrutura no país, a opressão, a violência e a tortura impunham-se à margem da construção do Brasil Grande. A Rádio Nacional vivenciou, à época, um expurgo de profissionais supostamente identificados com a oposição ao regime militar”, segundo relata Pieranti.
De acordo com Pinheiro (2005), foram afastados no período 36 profissionais denunciados como “subversivos”, além de 81 investigados. Na lista dos afastados aparecem nomes como Gerdal dos Santos, Dinah Silveira de Queiroz, Heitor dos Prazeres, Oduvaldo Viana, Mário Lago, Dias Gomes, Nora Ney, Jorge Goulart e Gracindo Júnior, demitidos pelo Ato Institucional nº 1.
A Rádio Nacional de Brasília também sofreu impactos, como relata o radialista Meira Filho (in MENDES e SOUSA).
“Eu cheguei para trabalhar de manhã no dia em que estourou a revolução e o Brasil inteiro ouvia por aí [os rumores]. E eu abri o programa falando: “Hoje nós estamos trabalhando aqui com absoluta segurança. Porque do meu lado, tem um sargento com uma metralhadora, e ali, com o operador, temos dois soldados, cada um com um fuzil. Então, nós estamos seguros e muito bem protegidos”. Nesta altura, o Brasil inteiro tomou conhecimento que a Rádio Nacional estava ocupada pelos militares. Eu sabia conviver com este pessoal porque eu fui soldado e tive uma carreira militar brilhante, cheguei a ser cabo do Exército Brasileiro. Eu tinha que passar tranquilidade para as pessoas, o que que você ia fazer?”
O radialista Mascarenhas de Morais (in MENDES e SOUSA) lembra que a Nacional de Brasília também sofreu a censura comum nos meios de comunicação na época. “Durante a ditadura, eu trabalhei muitas vezes com pessoas do meu lado, um tipo de censor. Aqui teve uma época que veio um sargento mandar na gente. Eu ia ler uma carta e não podia, ele tinha que ler a carta antes”.
A programação musical também foi afetada pela censura, como explica o radialista Carlos Senna (in MENDES e SOUSA).
“Tinha uma lista de músicas proibidas. A maioria delas, o disco já chegava na rádio sem as músicas e a gente sabia porque era informado. Outros discos vinham com a faixa riscada, parecia que tinham passado um prego para que ela não pudesse rodar. E na maioria eram discos do Chico Buarque. Uma das músicas que eu me lembro bem, porque morria de curiosidade para saber como é que era e por que tinha sido proibida, era Apesar de Você. Outra era a famosa Para Não Dizer que Não Falei de Flores, do Geraldo Vandré, que era de 1968, mas até o começo dos anos 1980 não existia esse disco na rádio e as pessoas que tinham esse disco escondiam, não mostravam. E esse disco foi reeditado e distribuído para as rádios logo depois da ditadura”.
Fonte: Pinheiro (2005), Pieranti (2018) e Mendes e Sousa (2010)
No dia 31 de dezembro de 1968 ocorre a última transmissão do consagrado programa de radiojornalismo Repórter Esso. Na última edição, o locutor Roberto Figueiredo se emociona ao ler um resumo das principais notícias divulgadas ao longo dos 27 anos de história do programa.
Ouça aqui o último programa:
Em 1974, a Rádio Nacional de Brasília AM passa a transmitir com 600 kW de potência à noite, alcançando todo o Brasil. Segundo Mendes e Sousa, o aumento da potência ocorreu com a inauguração de um novo parque de transmissão, em 1977, o Rodeador, situado a 50 quilômetros de Brasília. As autoras destacam que a intenção do governo militar com a elevação da potência era fazer frente às transmissões estrangeiras que chegavam ao norte do país.
“Em plena ditadura militar, a intenção primeira da supertransmissão era fazer com que a mensagem de Brasília alcançasse regiões que não eram cobertas pelas rádios brasileiras, como certos lugares da Amazônia, evitando as investidas comunistas vindas de países como Cuba. Para o caboclo no meio da mata, era mais fácil ouvir a mensagem de Fidel Castro do que as notícias da nova capital”.
A Radio Habana Cuba (RHC) foi inaugurada oficialmente na capital cubana no dia 1º de maio de 1961, transmitida em ondas curtas com alcance a outros países. Ela foi criada pelo governo comunista da ilha para contrapor as informações sobre a Revolução Cubana que eram divulgadas pela imprensa internacional.
Apesar das restrições impostas pela ditadura, a Rádio Nacional de Brasília obteve sucesso e repercussão no Brasil todo na década de 1970, segundo o ex-diretor da emissora Eduardo Fajardo (in MENDES e SOUSA, 2010), oferecendo cultura, entretenimento e informação.
“Para mim, a chave do sucesso da rádio, foi a programação que nós montamos. Ela atendia o jovem, com o Luciano Barroso, atendia a mulher, com a Mara Régia, atendia ao sertanejo, ao povão, de manhã cedo, com um forró, um sertanejo. Então os segmentos da família eram atendidos. E a gente sempre procurava divertir informando. E tinha a preocupação de educar a população sem carimbar que era educação. Colocar uma coisa em termos de cidadania, higiene, dicas desse tipo para as pessoas irem pegando. Todo intervalo da rádio tinha umas vinhetas disso. Então, os programas foram moldados nesse sentido, você tocava música, você brincava, mas sempre dando informação”.
Links:
Fonte: Pinheiro (2005), EBC, Mendes e Sousa (2010) e RHC
Em 1976 entra no ar a Rádio Nacional FM, a primeira emissora FM de Brasília. Tem como enfoque a música brasileira, com destaque para a MPB tradicional e contemporânea, a música instrumental, novos talentos e artistas de Brasília e dos países de língua portuguesa e da América Latina.
Fonte: EBC
Em 1º de setembro 1977 é inaugurada a Rádio Nacional da Amazônia, que transmite em Ondas Curtas, com a missão de integrar a Amazônia Legal ao restante do país. Cabe ressaltar que a Nacional da Amazônia, inaugurada pela ditadura militar, opera em ondas curtas de 25 metros na frequência de 11.780KHz, muito próxima à Rádio Havana comunista, que transmite em 11.760KHz.
A emissora fortalece o elo entre as comunidades da Amazônia, integra a região com outros estados do Brasil e valoriza a diversidade cultura, segundo a EBC. Com destaque para a prestação de serviços e a valorização e divulgação da diversidade cultural da Amazônia, a emissora é carinhosamente chamada de “orelhão da Amazônia”, divulgando recados e promovendo o reencontro de familiares e amigos.
Um dos marcos da emissora foi o programa Encontro com Tia Leninha, comandado pela radialista Heleninha Bortoni, falecida em 2008. Por 20 anos, Tia Leninha levou informação, entretenimento e música para as crianças da região amazônica, fazendo sucesso com as radionovelas adaptadas de livros infantis e a seção de cartas dos ouvintes. O programa foi ao ar pela primeira vez no dia 12 de fevereiro de 1979.
Confira um episódio do programa Encontro com Tia Leninha:
Confira reportagem especial por ocasião dos 40 anos da emissora: www.ebc.com.br
Fonte: EBC
Mara Régia estreou o Viva Maria na Nacional de Brasília em 14 de setembro de 1981, mas a partir de 1979 o embrião do programa feminista foi colocado no ar na forma de revista radiofônica, se tornando depois uma “caixa de ressonância do movimento de mulheres”. Segundo Mara Régia (in MENDES e SOUSA, 2010), o programa ficou no ar até 1991, sendo retomado apenas em 2003, na forma de programete.
“O Viva Maria foi um filho que deu certo. Ele deu a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Brasília, anos 80, aquela efervescência política, a abertura, a luta das mulheres ganhando terreno. O momento histórico era outro. Nosso rádio era o rádio de mobilização: ‘Hoje vai ter uma votação importante, a gente tem que ir lá para o Congresso Nacional! Marias de Brasília, vamos lá, vai votar a lei da paternidade, cinco dias de licença’. Imagina você falar isso no começo dos anos 1980 era um acinte, uma aberração! Homem participar de maternidade? E a gente: ‘Filho não é só da mãe!’. E era lindo você chegar no Congresso e encontrar as nossas “maricotas” lá, irmanadas, falando: ‘Nosso direito vem, nosso direito vem, se não vem nosso direito, o Brasil perde também’.”
A importância do programete e de Mara Régia na luta das mulheres foram reconhecidos em 1990, quando a data de aniversário do Viva Maria entrou para o calendário mulher da ONU como o Dia Latino-Americano da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação. Atualmente, o Viva Maria vai ao ar em todas as emissoras da Rádio Nacional.
Confira o Viva Maria do dia 26/06/2019, sobre um estudo da ONU que traz levantamento sobre o progresso das mulheres no mundo:
Confira o especial sobre os 30 anos do Viva Maria
Fonte: Mendes e Sousa (2010) e EBC
No curso da Rádio MEC e da TVE, em 1990 a FCBTVE vira Fundação Roquette-Pinto, vinculada ao Ministério da Educação, segundo o decreto nº 99.180. De acordo com Valente, essa mudança inicia a desestruturação dos aparatos estatais e, em 1993, a fundação entra em uma grave crise financeira que “impacta na qualidade da programação, na equipe de técnicos, jornalistas e produtores, na estrutura de transmissão e na assistência que prestava a outras TVs educativas por meio do Sinred”.
Links:
Fonte: Acerp, Valente (2009) e Legislação
Em 1998 a Fundação Roquette-Pinto (FRP) é extinta pela lei nº 9.637, neste momento vinculada à Presidência da República, dando lugar à Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto (Acerp), já qualificada como organização social pelo decreto nº 2.442, e firma um contrato de gestão com a Secom para atividades “dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde”, conforme determina o artigo 1º da mesma lei nº 9.637, que “dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais”.
Links:
Fonte: Acerp, Valente (2009) e Legislação
Na Rádio Nacional, a precarização das condições de trabalho se agrava e em 2002 funcionários da Nacional do Rio de Janeiro se organizam contra a ameaça da emissora passar a ser retransmissora da Nacional de Brasília, segundo Pinheiro.
Para ela, com o centro de decisões em Brasília, a Nacional do Rio de Janeiro ficou restrita às realizações do passado, com dificuldades para renovar equipamentos e quadros profissionais. Alguns programas se mantiveram no ar, com ouvintes fiéis, como Alô Daisy, apresentado por Daisy Lúcidi, Onde canta o sabiá, de Gerdal dos Santos e Parada de todos os tempos, produzido por Osmar Frazão.
Ouça aqui a vinheta de Alô Daise:
Em 2003, com a mudança de governo, um convênio com a Petrobras possibilitou a compra de novos transmissores e equipamentos para a Nacional do Rio de Janeiro. Segundo o CPDOC/FGV, o valor do contrato foi de R$ 2,5 milhões e possibilitou também a reforma das instalações da emissora no Edifício A Noite, com a construção de novos estúdios, discoteca e a reconstrução do auditório.
Bucci relata que na virada do milênio a emissora estava em “decrepitude física”.
“Os seus transmissores, corroídos, operavam a cerca de um décimo da potência. O auditório tinha sumido, tragado por uma reforma que o reduzira a um salão burocrático de repartição, com mesas cinzentas, cadeiras plásticas de rodinhas, ventiladores empoeirados e cestos de papel distribuídos sobre o chão de tacos sem brilho. Nos banheiros, o teto desabara. Já se falava em fechá-la quando fui vê-la pela primeira vez, no final de janeiro de 2003”.
Ele descreve que “as paredes, os sofás, as escrivaninhas, as pessoas, tudo ali pertencia a uma outra época e pedia para não morrer”. Sobre a Petrobras, Bucci afirma que apelou para a memória da estatal petrolífera, que deveria retribuir a generosidade da Rádio Nacional durante a campanha O Petróleo é Nosso, de 50 anos atrás, que resultou na criação da empresa.
“Foi um apelo meio torto, reconheço, mas deu certo. (...) Por meio de um acordo de cooperação, o departamento de engenharia da estatal do petróleo assumiu, diretamente, as obras de recuperação da rádio, numa saída formalmente perfeita e eticamente legítima”.
Fonte: Bucci (2008), Pinheiro (2005) e CPDOC/FGV
A emissora foi reinaugurada no dia 2 de julho 2004, com a programação renovada. Participaram do evento o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e convidados como os radialistas e radioatores Daisy Lúcidi e Gerdal dos Santos, as cantoras Carmem Costa e Ademilde Fonseca, Ellen Lima e Adelaide Chiozzo. “O novo auditório foi inaugurado com o espetáculo do ator Gracindo Júnior, que havia estreado na Rádio Nacional aos 14 anos, mas fora afastado em 1964, sendo anistiado somente em 1979, com um conjunto regido pelo maestro Ivan Paulo e participação de grandes nomes do rádio nacional como Jamelão, Cauby Peixoto e as rainhas Emilinha Borba e Marlene, além de Carmélia Alves e Luciana Lins.
Bucci lista as autoridades presentes na reinauguração:
“Anunciado em junho de 2003, o convênio atingiu seus objetivos no ano seguinte, com a reinauguração da rádio. Na noite do dia 2 de julho de 2004, o auditório, novinho, ressuscitou. Um shows de Cauby Peixoto, Marlene, Emilinha Borba, Jamelão mereceu aplausos de uma plateia que incluía ministros como José Dirceu, da Casa Civil, Luiz Gushiken, da Secom, Gilberto Gil, da Cultura, e Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, além do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da primeira-dama, d. Marisa Letícia”.
Confira o programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, sobre os 80 anos da Rádio Nacional: www.youtube.com
Fonte: Pinheiro (2005), CPDOC/FGV e EBC
Em 2004 é lançada a Radioagência Nacional, inaugurada no dia 11 de outubro, para a distribuição gratuita pela internet de conteúdos de radiojornalismo produzidos pelas equipes da Rádio Nacional. Segundo Bucci, ao final de 2006, a Radioagência abastecia 2 mil emissoras com pequenos programas e reportagens.
No site da Radiogência consta que o serviço disponibiliza materiais de parceiros, como outras rádios públicas do Brasil e da América Latina, e assim “amplifica em todo o país a audiência desses produtos, uma vez que os distribui entre cerca de 5 mil emissoras públicas, educativas, comunitárias, on line e comerciais”.
Conheça a Radioagência Nacional clicando aqui!
Fonte: Bucci (2008) e EBC
Em 2006 é inaugurada a Rádio Mesorregional do Alto Solimões, em parceria com o Ministério da Integração Nacional. A emissora foi ao ar em fase experimental em junho e definitiva no dia 15 de dezembro.
Com sede em Tabatinga, a emissora interliga os nove municípios da microrregião – além de Tabatinga, sede da emissora, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá, Fonte Boa, Jutaí, Tonantins, Atalaia do Norte e Amaturá. O sinal chega à tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, com informação, serviços e cultura nacional e regional.
Bucci detalha que a região, de 214 mil quilômetros quadrados e com 200 mil habitantes, vivia um vazio informativo, com acesso apenas a canais de TV nas casas que dispunham de eletricidade.
“Ocorre que, naquela mesorregião, muita gente vivia às margens dos rios, longe da área urbana, e portanto sem televisão, de tal modo que a falta de comunicação era a regra. (...) As comunidades locais percebiam a gravidade da carência informativa e, quando o Ministério da Integração Nacional instalou, em 2003, o Fórum de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião do Alto Solimões, as lideranças apresentaram a sugestão de que fossem criadas emissoras públicas na cidade”.
Segundo a EBC, a região também sofria influência de rádios em espanhol dos países vizinhos.
“A história da rádio começa quando lideranças de toda região do Alto Solimões levantaram uma demanda dos 9 municípios da microrregião para implantar um projeto de rádio que veiculasse informações de cultura, educação e ampliasse a comunicação em língua portuguesa, que a cada dia perdia sua cultura por influência da fronteira com o Peru e a Colômbia”
A frequência utilizada, 670 kHz AM, na década de 1980 foi da Rádio Nacional de Tabatinga, e o sinal também é transmitido em 96.1 FM. Como os ouvintes já estavam acostumados com o nome de Rádio Nacional, em 2008 foi feita uma pesquisa para escolher o nome da emissora, saindo vencedor Rádio Nacional do Alto Solimões.
Fonte: Bucci (2008) e EBC
Um marco na história da EBC em 2013 é o tombamento do Edifício A Noite pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) , no dia 4 de abril. Apesar das redações da Agência Brasil e da Rádio Nacional, bem como os estúdios, terem sido transferidos do prédio histórico no final de 2012, os últimos quatro andares do edifício ainda pertenciam à EBC. Os andares inferiores eram do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), órgão também federal. Em dezembro de 2018 a Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP/SPU) cedeu o prédio ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). No final de 2019 o prédio encontrava-se totalmente desocupado, sem previsão para o início da prometida reforma e nem uma decisão sobre o destino do A Noite tomada.
Fonte: EBC e Ministério do Planejamento
Como parte dos avanços destacamos também o lançamento dos aplicativos da EBC, para ouvir as rádios e assistir a programas da TV Brasil pelo smartphone. Os dados repassados pela empresa via Lei de Acesso à Informação (LAI) indicam que, desde o lançamento do aplicativo, em novembro de 2017, a setembro de 2018, foram feitas 5.624 instalações do App Radios EBC por usuários Android, com 4.220 instalações ativas, ou seja, que estiveram on-line pelo menos uma vez nos 30 dias anteriores. No sistema iOS foram 467 instalações no total e 117 dispositivos estiveram ativos nos últimos 30 dias. A EBC ressalta que os dados se referem apenas a instalações dos usuários que concordaram em compartilhar os diagnósticos e informações de uso com os desenvolvedores de apps. No caso do iOS, 47% de todos os usuários que instalaram Rádios EBC concordaram com o compartilhamento.
A tela principal do aplicativo EBC Rádios mostra os players das rádios, com acesso fácil e rápido para a programação ao vivo de cada uma das emissoras. É possível também navegar pelas notícias e pelos programas, com uma lista de 163 ao todo. Na funcionalidade “Horários”, é possível selecionar a emissora e verificar a grade correspondente para o dia, bem como acionar um alarme para um ou mais programas selecionados.
Na classificação das emissoras por acessos ao player, segundo informações repassadas pela EBC via LAI, em primeiro lugar fica a Rádio Nacional da Amazônia, com 130.162 cliques, seguida da Rádio Nacional de Brasília (87.210), Rádio Nacional do Rio de Janeiro (60.931), Rádio MEC FM do Rio de Janeiro (50.020), Rádio Nacional FM Brasília (39.101), Rádio MEC AM do Rio de Janeiro (37.787) e com por último ficou a Rádio Nacional do Alto Solimões, com 33.875 cliques. Os programas mais ouvidos são Eu de Cá, Você de Lá, com 134.275 acessos, Madrugada Nacional (128.932), Ponto de Encontro (86.426), Repórter Nacional (76.429), Revista Brasil (73.688), Manhã MEC FM (64.953), Grandes Clássicos (51.887), Bom Dia Amazônia (43.394), Brasil Rural (40.326) e Musishow, com 38.256 acessos.
Fonte: Akemi Nitahara, EBC e LAI
No dia 20 de março, um raio, em meio a um temporal, atinge a subestação de energia do Parque de Transmissores do Rodeador, em Brazlândia (DF), e tira do ar o “Orelhão da Amazônia”.
Sem a Rádio Nacional da Amazônia, única emissora que chega a boa parte dos 5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal, transmitida em ondas curtas do Rodeador, chovem reclamações na Ouvidoria da EBC e até a sugestão de se fazer uma vaquinha entre os ouvintes para arrecadar recursos para resolver o problema.
A emissora passou fora do ar o seu 40º aniversário, em 1º de setembro de 2017, funcionando com apenas 5% de sua potência, condição precária recuperada em junho, três meses após o incidente. A transmissão completa só foi restabelecida no dia 17 de dezembro de 2019, após um reparo que custou R$ 2,5 milhões. A demora de dois anos e nove meses e o baixo valor em relação ao orçamento total da empresa são sinais do sucateamento que a EBC sofre desde 2016.
Fonte: Mayara Paixão (2021) e EBC
No dia 7 de julho de 2020, o governo federal anunciou a intenção de vender o Edifício A Noite, avaliado em R$ 90 milhões.
“Para o Ministério da Economia, o prédio, que tem vista panorâmica da Baía de Guanabara, tem potencial para diversas utilizações, como um grande hotel ou até a adaptação para uso residencial. A fachada e a escadaria em caracol deverão ser preservadas em razão de seu tombamento” (Agência Brasil).
A propriedade do edifício foi transferida para a União no dia 16 de julho e a autorização para a venda foi publicada no dia 29 de setembro no Diário Oficial da União. Porém, não houve interessados na compra nos dois primeiros leilões, ocorridos nos dias 30 de abril e 7 de junho de 2021. Na segunda tentativa, o valor foi rebaixado em 25% e o prédio histórico foi colocado à venda por R$73,5 milhões.
Então, o Ministério da Economia o incluiu, no dia 27 de agosto de 2021, no Feirão de Imóveis SPU+, com um novo modelo de venda, chamado de Proposta de Aquisição de Imóveis (PAI). Com este mecanismo, qualquer pessoa, física ou jurídica, pode apresentar proposta de compra de imóveis da União, oferecendo o valor que considerar que o imóvel em questão vale.
“Se a proposta for aceita, o interessado terá que providenciar um laudo de avaliação do ativo e apresentá-lo para homologação dentro do prazo estabelecido. Na sequência, será aberta uma concorrência pública, em que qualquer interessado poderá realizar ofertas eletronicamente. Aquele que enviou a proposta, que providenciou a avaliação e a homologou na SPU [Secretaria de Patrimônio da União], terá direito de preferência na concorrência pública” (Agência Brasil).
O governo disponibilizou neste programa mais de 50 mil imóveis da União ou de órgãos da União, como o INSS, em todo o país. Somente no Rio de Janeiro, são 2,2 mil imóveis. A meta do governo é arrecadar R$ 110 bilhões com essas vendas até dezembro de 2022.
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Fonte: Agência Brasil
Com a inauguração no país da banda estendida da FM, no dia 7 de maio de 2021, a programação das rádios Nacional AM da EBC chegaram também a São Paulo, Belo Horizonte e Recife, além de ganhar o dial FM no Rio de Janeiro. Todas com a mesma sintonia: 87.1 FM.
A Nacional FM do Rio de Janeiro espelha a programação da AM e nas outras capitais a programação transmitida é a da Nacional AM de Brasília.